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Fiat Toro Ultra 4X4: Uma picape de conceito

Fiat Toro Ultra traz luxo e requinte para emplacar a ideia de picape esportiva e urbana

Enquanto os norte-americanos adoram personalizar seus automóveis, os brasileiros, ao contrário costumam valorizar os carros que mantêm as caraterísticas originais. Esse comportamento abre um espaço para que a própria indústria crie versões específicas para diferenciar os modelos de uma mesma gama. Para oferecer um leque de “personalização de fábrica” e garantir a rentabilidade do negócio, no entanto, é preciso ter uma massa crítica mínima na produção. Ou seja: carros mais bem vendidos podem oferecem mais versões. Caso da picape Fiat Toro. O modelo conta com nada menos que 10 versões diferentes, seis delas na linha com o motor 2.0 turbodiesel de 170 cv e 35,7 kgfm. Quando foi lançada, em 2016, modelo de topo era a Volcano. Em 2018, passou a ser a versão “caipira chique” Ranch. Em 2019, chegou a versão Ultra, a mais urbana e sofisticada da linha. Ela meio que divide com a Ranch a condição de modelo de topo, mas como vem com a tampa rígida de caçamba, pomposamente batizada de Dynamic Cover, ela acaba saindo cerca de R$ 2 mil mais cara: R$ 181.490 (R$ 184.593 no estado de São Paulo). O único opcional disponível é a pintura metálica, que acrescenta cerca de R$ 2.500 ao valor.

A ideia da Fiat Toro Ultra é apostar no conceito chamado de SUP, sigla para sport utility pick-up. Ou seja: junta o conforto e versatilidade aos SUVs, mas ainda mantém a capacidade de trabalho de uma picape. E o principal responsável por essa mudança de foco é mesmo a tampa rígida que cobre a caçamba, que oferece maior segurança para o uso em cidades. Com ela, é possível criar uma área de bagagem fechada, realmente protegida, enquanto a tradicional a capota marítima oferece uma proteção mais visual do que prática. A tampa rígida é removível e vem com uma capa protetora para ser guardada.

 

Para reforçar a urbanidade da Toro, os detalhes estéticos incluídos no modelo buscam dar um ar mais sofisticado e luxuoso. Em relação às versões mais luxuosas da Toro, a Ultra perde vários cromados, como o dos frisos na grade, das maçanetas, do friso na base da janela, do friso base da porta, na moldura do cluster do farol de neblina, que passam a ser preto. A parte interna da moldura de proteção na base do para-choque, o chamado overbump, que em geral é prateado, aqui é preto e o emblema da Fiat é na versão escurecida, como na S Design. Outro detalhe que diferencia a Ultra são as rodas aro 18, diamantadas e com parcialmente pintadas em preto brilhante. Elas calçam pneus 225/60 R.

A carcaça dos retrovisores externos, normalmente pintado na cor do carro ou como na Ranch, cromado, é em preto brilhante. As maçanetas são na cor do veículo, assim como a tampa traseira e a carenagem do santantônio integrado. Estribos e rack de teto são em preto. Na tampa traseira, o logo da Fiat que atua como maçaneta aqui é em preto e as letras de identificação são em metal polido. Ali também fica um dos quatro emblemas em metal polido e preto com a palavra Ultra – os outros ficam cada um em uma das portas dianteiras e o último no console central, logo abaixo do comando do ar-condicionado.

A Toro Ultra repete alguns acessórios que parecem mais indicados para a Ranch, como os para-barros nas caixas de roda e o engate de reboque removível, mas como são práticos e não apenas estéticos, foram mantidos. Por dentro, a versão é bem discreta, com praticamente tudo em preto – desde os bancos em couro e couro sintético até os revestimentos das colunas. No painel, apenas os anéis em torno dos botões do ar-condicionado e do velocímetro e conta-giros são cromados. O nome Ultra em cinza volta a aparecer no encosto dos bancos dianteiros. Um detalhe que também distingue a versão é a moldura da tela da central multimídia, em preto brilhante.

O sistema Uconnect traz uma tela “touch” de sete polegadas, com conexão via Bluetooth e via cabo USB com Apple CarPlay e Android Auto, e conta com GPS nativo e acesso por comando de voz. O painel também traz outra tela de sete polegadas, que permite monitorar diversas funções do carro e informações do computador de bordo, através do volante multifuncional – por onde também se aciona o controle de cruzeiro. A Ultra ainda conta com sete airbags, ar-condicionado de duas zonas e sensores de chuva, de luz e de obstáculos traseiro integrado à câmera de ré.

Texto e Fotos: Eduardo Rocha/Auto Press

 

Ponto a ponto

Desempenho –O Multijet 2.0 da Toro tem elasticidade e um bom empuxo soprado pelo turbo e libera a potência de forma bem progressiva. Os 170 cv e os 35,7 kgfm movimentam bem a picape, que pesa 1.950 quilos. O câmbio de nove marchas é bem escalonado e explora bem o potencial do motor e fornece boa economia de combustível, principalmente na estrada. O conjunto é um dos melhores do mercado, tanto pelo vigor quanto pela suavidade de trabalho. Nota 9.

Estabilidade – A Toro traz suspensão uma McPherson na frente e Multilink na traseira, e se comporta mesmo como um SUV. Há um rolamento lateral aceitável nas curvas, sem qualquer descontrole e com reações previsíveis. Em velocidades mais altas, a direção exige um pouco de correção, mas nada que tire o prazer de dirigir. Nota 7.

Interatividade – A Toro Ultra ganhou a conexão wireless entre celular e a central multimídia Uconnect, pelos aplicativos Apple CarPlay e Android Auto. Isso torna bastante prática a interação com o carro. Os comandos principais podem ser acessados pelo volante multifuncional, como controle de cruzeiro, som, telefonia e computador de bordo. Alguns deles são replicados na tela central sensível ao toque com sete polegadas. O câmbio pode ser controlado pelos paddle shifts no volante, a chave é presencial, o banco do motorista tem regulagem elétrica e os comandos são localizados nos locais clássicos. Nota 8.

Consumo – A versão Ultra 2.0 4X4 Diesel aparece na listagem do programa de etiquetagem do InMetro com um consumo de 9,9 km/l na cidade e 12,3 km/l na cidade. Isso representa um índice B na categoria e D no geral. Na prática, é um veículo econômico pelo que oferece de desempenho e espaço e tem ótima autonomia, já que tem um tanque de 60 litros permite rodas entre 600 e 700 km. Nota 8.

Conforto –Apesar de ser uma picape de bom porte, a Toro é montada em uma estrutura monobloco e tem boa rigidez torcional. Isso facilita bastante o acerto da suspensão, que filtra bem das imperfeições do pavimento. Os pneus, com flanco de 13,5 cm, aumentam a maciez de rodagem. O bom curso da suspensão se traduz, principalmente, a grande capacidade de amenizar os solavancos. A ergonomia na cabine é muito boa e a vida a bordo é aprazível. Os bancos são confortáveis e há bom para pernas e cabeça para quatro passageiros. Nota 9.

Tecnologia – A Toro Ultra tem equipamentos para justificar a função de topo de linha. Tem sete airbags, sistema multimídia com sistema wireless e plataforma eficiente e robusta, apesar de pesada. Tem um excelente sistema de tração com reduzida e comando eletrônico, controles de tração e estabilidade, controle de descida e assistente de partida em rampa. Mas está ficando para trás por conta da velocidade com que os recursos eletrônicos estão chegando aos modelos, principalmente em relação a assistência à condução autônoma, como frenagem automática, sensor de ponto cego e de tráfego cruzado, entre outros. Uma renovação mais forte deve ocorrer apenas no final do ano, com a adoção de um motor Firefly 1.3 Turbo nas versões flex. Nota 7.

Habitabilidade – A cabine da Toro é estreita e sobre pouco espaço entre os bancos para nichos que possam acomodar carteira, chaves e celular – o mais prático acaba sendo usar os porta-copos. Até mesmo o porta-objetos sob o apoio de braços central é pequeno, por conta da proximidade dos bancos. A Toro Ultra ganha muito com a caçamba com tampa rígida, a Dynamic Cover, mas é aconselhável adota um divisor de caçamba, pois as bagagens ficam dançando na área de carga. A tampa dividida é bastante prática. Os ajustes elétricos do banco e as regulagens de altura e profundidade do volante permitem que o motorista se acomode de forma apropriada. A altura elevada do modelo cria um pouco de dificuldade para entrar e sair, mas há alças na coluna dianteira e estribo lateral que auxilia na empreitada. Nota 8.

Acabamento – A Toro Ultra tem materiais de boa qualidade e revestimentos refinados, bem de acordo com a função de uma versão de topo. O carro traz revestimento em couro e vinil, muitos acabamentos em preto e detalhes de bom gosto, que dão algum refinamento visual ao modelo. Nota 8.

Design – A Toro tem um design interessante e na versão Ultra fica ainda melhor. Os detalhes em preto deixam o carro mais elegante e o santantônio integrado e a tampa rígida da caçamba, ambos na cor do carro, cria um perfil mais esportivo para o modelo. No caso específico da versão Ultra, foi feita uma leitura do que agrada ao universo urbano, com poucos brilhos. Nota 8.

Custo/benefício – O preço de R$ 181.490 com pintura sólida e R$ 183.990 com pintura metálica – em bate São Paulo, por conta do ICM, chega a R$ 187.136 ‑ coloca a Toro Ultra em confronto com os modelos intermediários de picapes médias. Isso não apaga, porém, a maior vantagem do modelo, que é o tamanho, mais prático para enfrentar o ambiente urbano. Mas como não tem um rival direto tem um poder de atração inegável. Nota 7.

Total – A Fiat Toro Ultra 2.0 4X4 turbodiesel somou 79 pontos em 100 possíveis.

 

Impressões ao dirigir

Dinâmica de sucesso

   

             A fórmula da Toro deu tão certo que acabou adiando a necessidade da Fiat em lançar um SUV compacto próprio. O bom nível de vendas reflete a ampla gama de consumidores que ela atinge. Na versão Ultra, a marca adiciona uma pitada de requinte e outra de urbanidade, que ajudam a engrossar o volume de emplacamentos. O diferencial do modelo é mesmo a caçamba com tampa rígida, que facilita a vida em ambiente urbano, quando se pode deixar objetos na área de carga com mais segurança. Mas é ainda mais útil quando se encara uma viagem, já que permite que toda a bagagem fique protegida da chuva. A Dynamic Cover pode até ser retirada, mas aí vira um trambolho, pois só cabe na própria caçamba de lado, na diagonal. Seria mais prática de, em vez de inteiriça, fosse dobrável.

A motorização Multijet 2.0 turbodiesel, associado a um câmbio de nove marchas, é eficiente e agradável, mas não oferece qualquer esportividade. A título de comparação, o Jeep Renegade usa o mesmo trem-de-força, mas tem 500 kg a menos. De qualquer forma, os 170 cv e 35,7 kgfm de torque tem ainda algum vigor nos ganhos de velocidade, ajudado pelo câmbio de nove marchas muito bem escalonado. A média apontada pelo InMetro, de 9,9 km/l na cidade e 12,3 km/l na estrada, é obtida sem muito esforço de quem está ao volante.

O interior é elegante e discreto, com poucos elementos com cromados e apenas a moldura da central multimídia e a guarnição do câmbio em preto brilhante. Tudo muito bem cuidado e montado. O sistema multimídia com GPS interno e interface wireless facilita bem a conexão. A boa vida a bordo é ampliada pelo bom isolamento acústico e pelo refinado ajuste da suspensão, com McPherson na frente e multilink atrás. A Toro filtra bem as irregularidades e cria um ambiente muito confortável. O único problema é que faltam porta-trecos para objetos que devem ficar mais à mão – o celular acaba ficando dentro do porta-copos.

 

Ficha técnica

Fiat Toro Ultra 2.0 AT9 4X4 Diesel

 

Motor: Diesel, dianteiro, transversal, 1.956 cm³, turbo, quatro cilindros em linha e quatro válvulas por cilindro. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.

Transmissão: Câmbio automático de nove marchas à frente e uma a ré. Tração 4X4. Oferece controle de tração.

Potência: 170 cv a 3.750 rpm.

Torque máximo: 35,7 kgfm a 1.750 giros.

Aceleração 0-100 km/h: 10 segundos.

Velocidade Máxima: 188 km/h em 8ª marcha.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Traseira independente do tipo multilink, links transversais/laterais, barra estabilizadora, amortecedores de duplo efeito e molas progressivas. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.

Pneus: 225/65 R17.

Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás. Oferece ABS com EBD e assistente de partida em rampa de série.

Carroceria: Picape em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Comprimento de 4,95 metros com 1,84 m de largura, 1,69 m de altura e 2,99 m de entre-eixos. Possui airbags frontais de série. Airbags laterais e para joelho de motorista não disponíveis na versão.

Peso: 1.930 kg.

Capacidade da caçamba: 850 litros.

Capacidade de carga: 1 mil kg.

Tanque de combustível: 60 litros.

Produção: Goiana, Pernambuco.

Lançamento no Brasil: 2016.

Lançamento da versão: 2019.

Preço da versão: R$ 181.490 (R$ 184.593 em São Paulo)

Opcional: Pintura metálica (R$ 2.500 e 2.553 em São Paulo).