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Ford Maverick tem caminho próprio

        Espírito esportivo
A picape Ford Maverick chega ao Brasil esbanjando versatilidade, equilíbrio dinâmico e charme

              Em diversos mercado, Brasil incluso, a Ford decidiu concentrar seus esforços em picapes e SUVs e deixar de lado segmentos considerados decadentes no mercado. No entanto, a marca parece ter aproveitado muito bem todo o know-how acumulado na construção de sedãs e aplicou na Maverick. O modelo chega agora ao mercado brasileiro com a missão de explorar um segmento mais requintado entre as picapes médias, com bastante luxo, conforto e comportamento dinâmico esportivo. A versão escolhida para o Brasil foi a Lariat, versão mais luxuosa da gama, acrescida com o pacote de visual off-road FX4. O que é coerente com a ideia da marca de posicionar a picape no segmento premium – com preços próximos aos modelos intermediários das picapes médias-grandes, como a própria Ranger, da Ford. O preço, de R$ 239.990, também segue esta lógica.

                Ao contrário das picapes tradicionais, o Maverick usa o chassi C2, com arquitetura em monobloco, que é compartilhada com o Bronco Sport, que também é produzido na planta de Hermosillo, no México. Isso se traduz em menor peso e melhor dinâmica de condução, em detrimento da capacidade de carga, que é de apenas 617 kg, com capacidade de reboque de 499 kg. Ou seja: a proposta não é pegar no batente, mas transportar equipamentos esportivos ou bagagem para uma viagem ou instalar um pequeno reboque para uma moto aquática, motocicletas ou carga.

Para manter o preço sob controle, a Ford não dotou a Maverick com muitos itens tecnológicos. O modelo traz apenas os itens que são imprescindíveis para um modelo que pretende vender a ideia de requinte. O modelo traz tela de toque central de 8 polegadas com um central multimídia Sync 3, compatível com Apple CarPlay e Android Auto, com espelhamento via cabo, aplicativo de celular Ford Pass, com funções como status e localização do carro e acionamento remoto do motor, ar-condicionado digital duplo, acabamento em couro, banco do motorista com ajuste elétrico e rodas de 17 polegadas pintadas de preto.

                O modelo vem com painel com uma tela de TFT entre os instrumentos com 6,5 polegadas com diversos dados, inclusive inclinômetro no modo off-road. Por dentro, há uma certa familiaridade com o Bronco Sport, principalmente por conta dos detalhes em bronze metálico e os bancos em marrom e preto. Mas a Maverick tem própria personalidade e bem definida. A qualidade de montagem é impecável.

                Para o Brasil, a Ford optou pelo mesmo propulsor usado no Bronco. Trata-se de um 2.0 Turbo EcoBoost com injeção direta que rende 253 cv de potência e 38,7 kgfm de torque. São 13 cv e 0,7 kgfm a mais que no Bronco, por conta de modificação implementadas na transmissão, com alongamento da relação final, A caixa de câmbio automática tem oito velocidades que envia potência para todas as quatro rodas através de um sistema AWD, com prioridade para as rodas dianteiras. A Maverick conta ainda com cinco modos de condução: Normal, Reboque, Escorregadio, Areia e Lama. Estes dois últimos são adicionados pelo pacote FX4, que inclui ainda controle de descida.

                Além disso, o pacote traz ainda detalhes como gancho dianteiros expostos, encaixe para reboque com pré-instalação elétrica, placa de escorregamento (ou peito de aço) e sistema de arrefecimento reforçado. Ela mede 5,07 metros, ou 28,2 cm a menos que um Ranger, mas 12 cm a mais que a Fiat Toro. A caçamba é maior do que parece à primeira vista. Ali se encontram ganchos para amarrar a carga, tomadas de corrente de 12 volts e protetor de caçamba como padrão.

                Embora compartilhe uma plataforma com o Bronco Sport, não há nenhuma peça na carroceria que seja compartilhada com o SUV. A picape da Ford tem uma frente muito reta, capô muito plano, com apenas dois vincos bem marcados. Os grupos óticos dianteiros e traseiros, por outro lado, são muito grandes e chamativos. Chama a atenção o fato de os pneus serem de uso misto, Pirelli ATR, para um uso na cidade e estrada apesar de ser uma versão FX4, orientada visualmente para off-road. A Ford não indica que volume de vendas espera obter com o novo modelo, mas pelo tamanho dos lotes importados e pelo desenho do mercado de picapes, a avaliação é que a Maverick deva ficar entre 500 e 800 unidades mensais (Texto e fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 2.0 turbo da Ford Maverick é moderno e elástico e lida com muita facilidade com os 1.744 kg da picape. Ele rende aqui 253 cv a 5.500 rpm e 38,7 kgfm a 3 mil giros, mas já com 2 mil rotações apresenta um torque acima de 36 kgfm. Ele é orquestrado um câmbio automático de oito marchas rápido, suave e preciso na hora de encontrar a melhor relação. Por Isso, o motor 2.0 Turbo EcoBoost GTDi está sempre cheio e pronto para responder vigorosamente ao acelerador, seja nas arrancadas, seja nas retomadas. Isso torna o modelo agradável tanto em ambiente urbano quanto em rodovias, onde consegue desenvolver ótimas velocidades de cruzeiro sem qualquer esforço aparente. Os modos de condução realmente mudam o humor do modelo e altera principalmente o comportamento de câmbio e tração.  O modelo apresenta uma boa capacidade off-road ao modelo, embora a pequena altura livre da Maverick não aconselhe o uso em trilhas mais radicais. Nota 9.

Estabilidade – A Maverick é uma picape média com uma baixa capacidade de carga, de apenas 617 kg. E isso ocorre exatamente porque ela adota um ajuste de suspensão típica de carro de passeio. O resultado são níveis de conforto e dirigibilidade altos. É extremamente neutra em velocidades mais altas, com em rodovias, ao mesmo tempo que tem um bom curso de suspensão para absorver com facilidades das irregularidades mais acentuadas – como buracos estrada ou tampas de bueiro desniveladas. A suspensão tem uma arquitetura típica de carros de passeio ‑ McPherson na frente e multibraços atrás – e tem um bom controle sobre a carroceria. A direção é bem direta e comunicativa. Nota 10.

Interatividade – A Maverick é pensada para ocupar o espaço deixado por modelos mais clássicos, como sedãs médios-grandes, que deixaram de ser produzidos para o mercado estadunidense. Isso se traduz em recursos modernos com interface simples e direta. Por uma questão de custo, o modelo acabou recebendo menos equipamentos que o Bronco, principalmente em relação à segurança. A picape conta apenas com câmera traseira e seu único recurso autônomo é o alerta de colisão frontal com frenagem automática. Nesse ponto, o Bronco é bem mais completo e traz câmera frontal de 180º, sensor de ponto cego e alerta de tráfego traseiro cruzado, entre outros. O Ford Pass permite monitorar e até acionar algumas funções do carro via celular, o que facilita a interação, e o sistema multimídia tem um bom nível de conectividade – embora do celular, através de aplicativos como Android Auto e Apple CarPlay é via cabo, e não wireless. Nota 7.

Consumo – Segundo a Ford, a Maverick apresentou no InMetro a média de 8,8 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada, sempre com gasolina. São índices coerentes com o peso, tamanho e desempenho do modelo. Nota 7.

Conforto – A Maverick tem um bom espaço interno, com bom espaço para pernas, cabeças e ombros para todos os passageiros. A ergonomia dos bancos é excelente para quem vai na frente, mas o encosto do banco traseiro é mais vertical que o desejável. O habitáculo é muito bem pensado para facilitar o convívio. Por conta da ausência de alavanca de câmbio – a marcha é controlada por um botão giratório –, o console central consegue trazer diversos nichos para objetos, além de um carregador de celular por indução. O modelo traz ainda ar digital duplo, chave presencial, funções controladas via celular, suspensão com excelente compromisso entre conforto e estabilidade e ótimo isolamento acústico. Nota 8.

Tecnologia – Apesar de não ser muito equipada com itens tecnológicos, a Maverick oferece um bom conjunto neste aspecto – conta apenas com alerta de colisão frontal com frenagem autônoma. Ela traz uma tela de 6,5 polegadas no painel e volante multifuncional, sete airbags – os seis de praxe e ainda de joelho para o motorista. O motor EcoBoost é moderno e o câmbio automático de oito marchas é extremamente eficiente. A recente plataforma C2 é a mesma do Bronco e foi inaugurada pelo Focus, em 2018. O sistema Sync 3 não tem espelhamento sem fio, mas traz as funcionalidades desejadas em uma central multimídia. A posição da tela de 8 polegadas, no entanto, não é a mais indicada para um país tão solar quando o Brasil. Ela é ligeiramente voltada para baixo de dia reflete a imagem do interior, o que prejudica a leitura. Nota 8.

Habitabilidade – A Maverick conta com um bom espaço para passageiros e muito espaço para carga – 943 litros. Mas uma das maiores vantagens da picape é a altura, mais baixa, que facilita muito a entrada e saída do veículo. No interior, há diversos pontos de apoio para objetos, como porta-copos, nichos dentro do apoio de braços dianteiro, pequenos guarda-volumes sob o assento traseiro. O banco traseiro, apenas do encosto reto, bem bancos com formato ergonômico e apoio de braços escamoteável. Nota 8.

Acabamento – A Maverick tem uma pegada de requinte que se reflete nos materiais aplicados, de boa qualidade e de bom aspecto. Os painéis das portas e do console cinza com motivos de fractais e o uso do bronze, em combinação com o revestimento em couro marrom e preto dos bancos, tira a decoração interna da mesmice e deixa tudo mais interessante. Há o mesmo detalhamento e capricho mostrado no Bronco Sport. Os revestimentos são fáceis de limpar e os tapetes de borracha grossa com abas altas são apropriados para um carro que a vai enfrentar poeira e lama. Nota 8.

Design – A Maverick traz os elementos de conexão com a linha de picapes F150, com os conjuntos óticos gigantescos, a frente truncada, com os piscas conectados por duas barras que cortam toda a grade, as lanternas robustas e a tampa com vincos marcantes. As linhas geométricas reforçam a ideia de robustez e a baixa altura para uma picape passa uma ideia de esportividade, que é bastante atraente. O pacote FX4 acrescenta um visual off-road que cai bem no modelo. Nota 9.

Custo/benefício – Por R$ 239.990, a Maverick não pretende obter grandes volumes de vendas. O modelo busca um público mais esportivo e jovial – tem uma coleção de acessórios que reforçam esta vocação para o lazer – e quer oferecer um certo nível de exclusividade. Mesmo que não seja muito equipada, a ideia é transitar em um segmento mais luxuoso. Por isso mesmo, a Ford defende a ideia de que a picape não tem rivais diretos. Nota 7.

Total – O Ford Maverick Lariat FX4 somou 81 pontos em 100 possíveis.

 

Primeiras impressões

Sustentável leveza

                Sempre que se quer destacar a boa dirigibilidade de um utilitário, seja SUV ou picape, costuma se dizer que o modelo se comporta como um carro de passeio. Até agora, esse jargão nunca foi tão verdadeiro quanto na Ford Maverick. Inclusive porque a nova picape média da Ford não foi feita para pegar no pesado. A carga máxima de 617 kg significa que, como lotação de cinco passageiros, sobram cerca de 270 kg de carga. Os canteiros de obra ou as tecno-roças são apenas locais de visita para a Maverick, não de trabalho.

                Em movimento, a Maverick oferece um controle suave e preciso. A dinâmica é ágil e estável, com sobra de potência para manter boas velocidades em viagens. Nem por um instante se aproxima do comportamento pouco refinado das picapes tradicional, que são obrigadas a usar uma suspensão de amplo espectro, mais robusta, que possam funcionar com 70 ou 1.070 kg de carga. A Maverick é refinada e o interior reflete bem esta personalidade.

                O motor 2.0 Turbo EcoBoost 2.0 tem excelente capacidade de resposta, com um consumo que responde ao comportamento do condutor. Se for explorado esportivamente, apresenta um consumo alto consumo. Mas caso o acelerador seja espremido com mais cuidado, é capaz de oferecer uma autonomia razoável para uma picape a gasolina, acima de 700 km, por conta do tanque de generosos 67 litros.

                A ideia básica da Maverick é ter um tamanho compatível com o uso nas cidades, capacidade off-road para pequenas aventuras e capacidade de carga para o transporte de equipamentos esportivos e oferecer praticidade para pequenas viagens. Todas estas promessas são bem cumpridas pela Maverick, sempre com algum requinte e bastante conforto.

 

Ficha técnica

Ford Maverick Lariat FX4

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.999 cm³, quatro cilindros em linha, comando variável na admissão e quatro válvulas por cilindro. Turbo compressor com intercooler, acelerador eletrônico e injeção direta de combustível.

Transmissão: Câmbio automático com oito marchas à frente e uma a ré com paddle shift no volante para mudanças sequenciais. Tração 4X4 on demand e controle eletrônico de tração, vetorização de torque, bloqueio do diferencial traseiro e gerenciador de tração com cinco modos de atuação.

Potência: 253 cv a 5.500 rpm.

Torque: 38,7 kgfm a 3 mil e rpm.

Diâmetro e curso: 87,5 mm x 83,1 mm.

Taxa de compressão: 10,0:1.

Velocidade máxima: 175 km/h, limitada eletronicamente.

Aceleração 0–100 km/h: 7,2 segundos.

Suspensão: Dianteira montada em chassi auxiliar, do tipo McPherson independente, com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Traseira montada em chassi auxiliar, multilink, com braços longos e curtos, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Controle de estabilidade de série.

Pneus: 225/65 R17.

Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás, com ABS com EBD e assistência de frenagem e de partida em rampa. Freio de estacionamento com acionamento eletromecânico por lona na traseira.

Carroceria: Picape em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 5,07 metros de comprimento, 1,85 m de largura, 1,73 m de altura e 3,08 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais dianteiros e traseiros, de cortina e para o joelho do motorista. Altura livre do solo de 21,8 cm.

Capacidade off-road: Ângulo de ataque de 20,6º, de saída de 21,2º, ventral 18,1º e capacidade de imersão de 45 cm.

Peso: 1.744 kg.

Capacidade da caçamba: 617 kg e 943 litros.

Tanque de combustível: 64 litros.

Produção: Hermosillo, México.

Lançamento no Brasil: 2022.

Preço estimado: R$ 239.990.