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A reinvenção da Trailblazer

Trailblazer fica mais sofisticada

SUV da Chevrolet melhora no desempenho e ganha em tecnologia e conforto

por Eduardo Rocha

Auto Press

A Chevrolet resolveu dar uma nova vida para o Trailblazer. Um mês depois da chegada da linha 2025 da Chevrolet S10, o SUV médio-grande foi apresentado ostentando todas as virtudes da picape que lhe serve de base: motor retrabalhado, novo câmbio, painel de instrumento e central multimídia redesenhados e design da dianteira modernizado. Além disso, a nova versão de topo, High Country substituiu a Premier e trouxe novos bancos, revestimento mais caprichado, suspensão e direção com nova calibração e inclusão de recursos ADAS.

O resultado palpável dessa busca pela elevação do status do modelo foi uma ampliação perto de 35% nos emplacamentos, partindo de uma média de 135 para 185 unidades/mês, na comparação de 2023 com os seis primeiros meses de mercado da nova Trailblazer High Country. É bem verdade que são números modestos, mas não é nada desprezível para um veículo que custa R$ 377.890 (R$ 378.840 na cor branca avaliada) e briga com a famigerada Toyota SW4.

Na parte mecânica, o Trailblazer traz o motor 2.8 turbodiesel retrabalhado para atender às normas L8 do Proconve, que entram em vigor em janeiro de 2025. Por isso, foi adotado um novo câmbio automático de oito velocidades, no lugar do antigo de seis marchas, que não só tornou o SUV mais econômico (o consumo energético caiu 10%, de 3,03 para 2,70 MJ/km), como também permitiu uma melhora substantiva no desempenho.

O propulsor agora gera 207 cv de potência e 52 kgfm torque – antes era 200 cv e 51 kgfm –, com a vantagem de o torque máximo ocorrer em uma rotação 20% menor, a 1.600 rpm. Com isso, a aceleração também passou a ser mais eficiente. O zero a 100 km/h, que na versão 2024 consumia 10,3 segundos, agora é feito em 9,5 s. A máxima se manteve em 180 km/h, com limitação programada. Para acompanhar essa nova batida, os amortecedores têm nova calibração e a geometria da suspensão foi modificada, até por conta das bitolas alargadas. No mais, o modelo manteve as adequações para o off-road, como tração 4X2 com acoplamento 4X4, reduzida e bloqueio do diferencial traseiro.

Na parte visual, as mudanças foram bastante efetivas na frente. A grade cromada agora se estende de uma lateral à outra e desde a linha do capô até a parte inferior do para-choque, em um visual que remete ao da Silverado. O conjunto ótico em led traz faróis bem afilados sob uma linha que faz o papel de luz diurna e assinatura luminosa. O capô ganhou uma depressão central em forma de elipse e dois vincos laterais bem marcados. Na traseira, as lanternas mantiveram o antigo formato, mas ficaram com um desenho mais limpo ao eliminar a moldura cromada interna e ganhar sobrelente fumê.

Por dentro, a Trailblazer High Country foi totalmente repaginada, a começar pela integração do painel digital de 8 polegadas com a tela da central multimídia 11 polegadas. O interior ganhou algumas superfícies com revestimento macio e console frontal, parte dos painéis das portas, volante e coifa da alavanca de câmbio têm revestimento em couro. Os bancos recebem também recebem couro em duas tonalidades e a decoração da cabine inclui detalhes em preto brilhante e cromado, enquanto uma guarnição com motivo de fractais aparece no console frontal. Bancos foram redesenhados para dar maior apoio ao corpo e o ajuste de distância do volante se soma à regulagem de altura.

A parte de segurança da Trailblazer recebeu itens como faróis em led, alerta de ponto cego, alerta de tráfego cruzado traseiro e chave presencial para travas e partida do motor. Esses recursos se somam aos já existentes alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência, monitor de faixa, controle de estabilidade e tração e seis airbags.

Já o pacote de itens de conforto não sofreu alteração. Estão presentes direção, travas, espelhos e vidros elétricos, ar-condicionado automático, banco elétricos para o motorista, controle de cruzeiro, sensores de chuva, de luz e de obstáculos dianteiros e traseiros, câmera de ré e rodas de liga leve aro 18. A central multimídia oferece wi-fi 4G com roteador para até sete aparelhos e espelhamento sem fio por Apple CarPlay e Android Auto (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).

 

Ponto a ponto

Desempenho – Com o retrabalho, o motor 2.8 litros turbodiesel ganhou em potência e também passou a atingir o torque máximo a 1.600 rpm, 400 giros mais cedo. Isso melhora bastante o desempenho da Trailblazer, tanto nas arrancadas e retomadas quanto em situações em que é preciso transitar em baixas velocidades, mas ainda ter força disponível, como acontece no off-road. O motor Duramax se entende perfeitamente com o novo câmbio de oito marchas. O conjunto trabalha de forma tão suave que é preciso prestar atenção para perceber as trocas de marcha. Nota 9.

Estabilidade – A suspensão ganhou geometria e calibragem novas, que incrementaram o conforto de rodagem. Isso significa que, apesar de manter o longo curso, que ajuda a absorve o impacto de buracos e irregularidades, conseguiu reduzir de forma sensível a sensação de flutuação que o SUV apresentava em velocidades mais altas. Nas curvas ou diante de ondulações na pista, há um melhor controle dos movimentos da carroceria. Nota 8.

Interatividade – A Trailblazer High Country ganhou recursos ADAS Nível 1 interessantes, como alerta de ponto cego, alerta de tráfego cruzado traseiro, que se somaram a outros já existentes, como alerta de colisão com frenagem automática (de Nivel 2) e monitoramento de faixa. Mas ainda faltou o controle de cruzeiro adaptativo. Tem ainda painel digital configurável, tela de 11 polegadas para a central multimídia, volante multifuncional, câmera de ré, sensores dianteiros e traseiros e a transmissão automática facilitam a vida do motorista. Nota 8.

Consumo – Na aferição do InMetro para o Programa de Etiquetagem do InMetro, o Trailblazer High Country teve médias de 9,2 e 11,2 km/l na cidade e na estrada, contra 8,2 e 10,3 obtido na linha 2024. Daí a melhora na nota da categoria de D para C, mas com nota E no geral. Nota 5.

Conforto – Além do excelente espaço interno, o SUV da Chevrolet é macio e silencioso. A ergonomia do banco é bem pensada e na linha 2025 ganhou de ajuste de profundidade do volante. É um veículo agradável e bem talhado para longa viagens. A suspensão filtra as irregularidades e minimiza os solavancos maiores e agora tem oferece uma maior precisão na rodagem. Nota 9.

Tecnologia – O Trailblazer ganhou uma boa atualização tecnológica com a chegada de alerta de tráfego cruzado traseiro e de ponto cego, que se juntam a recursos como alerta de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência e monitor de faixa. Ganhou ainda um painel digital interativo e uma tela de 11 polegadas na central multimídia, que se juntaram aos diversos itens de conforto já existentes. Nota 8.

Habitabilidade – O acesso ao habitáculo é favorecido pelas grandes portas, mas é preciso recorrer aos estribos para enfrentar a altura excessiva do modelo – que conta com alças de apoio até para o motorista. A espaço para a bagagem com sete lugares é exíguo, mas é de razoáveis 544 litros com a configuração para cinco ocupantes – que se acomodam muito bem, pois o espaço interno é bem generoso. Nota 9.

Acabamento – O acabamento da High Country reflete bem as contradições de um carro que tem de primar pela resistência por ter trânsito no off-road com o posto de topo de linha que exige requinte. Os bancos e o console frontal são revestidos em couro, as guarnições internas trazem detalhes em cromado. Além disso, os detalhes são bem cuidados, com materiais de boa qualidade. Ao mesmo tempo, parece pronto a enfrentar uma vida mais dura no campo. Não fica devendo nada às versões de topo de SUVs dos rivais. Nota 9.

Design – O novo design é claramente inspirado na frente da Silverado, com grandes doses de cromado, e se encaixa bem na atual moda de utilitários estadunidense. O resultado foi um visual moderno, robusto e sofisticado. Nota 8.

Custo/benefício – O Trailblazer High Country está cotado em R$ 377.890. Esse valor um pouco inferior da Toyota SW4 SRX Platinum, que ainda é um pouco menos equipada, mas tem um projeto mais recente, potência e torque semelhantes e conta com suspensão traseira multilink. Nota 7.

Total – A Chevrolet Trailblazer High Country 2025 somou 80 pontos em 100 possíveis.

 

Impressões ao dirigir

Sintonia fina

A Trailblazer tem sido encarada pela General Motors como um subproduto da S-10. Afinal, ambos os modelos compartilham diversos itens, desde plataforma e mecânica até itens de acabamento. Mas os ganhos em tecnologia e conforto da nova versão High Country caíram especialmente no modelo, com recursos mais exigíveis em SUVs que em picapes, como acabamento mais esmerado, recursos de assistência à condução e telas de painel e central multimídia mais vistosas e versáteis.

Em termos dinâmicos, as mudanças promovidas no trem de força, visando as novas exigências da fase L8 do Proconve, melhoram o desempenho ao mesmo tempo que tornaram o SUV mais econômico. O motor ganhou 7 cv e 1 kgfm, passando para 207 cv e 52 kgfm no total. Mas o que mudou mesmo o comportamento do modelo foi a nova faixa de torque máximo, mais baixa, conjugado com o ótimo câmbio automático de oito marchas. Essa nova configuração melhorou o desempenho tanto no asfalto, com arrancadas e retomadas mais fortes, quanto no off-road, com mais disposição em giros muito baixos.

Já as alterações promovidas no conjunto suspensivo e na duração focaram mais na melhoria de comportamento em velocidades mais altas – controlando a flutuação que o modelo apresenta – do que o desempenho no off-road. O curso da suspensão e a capacidade de torção continuam facilitando a superação de obstáculos e desníveis, mantendo bom contato das rodas com o piso. Ainda mais por contar com recurso, como tração 4X4, reduzida e bloqueio de diferencial traseiro.

O luxo dos revestimentos internos em couro é acompanhado por um nível de conforto elevado tanto pela ergonomia. O espaço interno é extremamente generoso e a boa largura da cabine permite que três ocupantes realmente se acomodem na segunda fileira – os bancos escamoteáveis da terceira fileira são para crianças ou para trajetos bem breves. Na vida urbana, o fato de ser significativamente menor que a S10 – é 52 cm mais curta – ajuda bastante. E ainda oferece uma visão privilegiada do trânsito.

 

Ficha técnica

Chevrolet Trailblazer High Country

Motor: Diesel, dianteiro, longitudinal, 2.776 cm³, turbinado com intercooler, com quatro cilindros em linha e 16 válvulas e injeção direta de combustível.

Potência máxima: 207 cv a 3.600 rpm.

Aceleração 0-100 km/h: 10,1 segundos.

Torque máximo: 52 kgfm a 1.600 rpm.

Diâmetro e curso: 94 mm X 100 mm. Taxa de compressão: 16,5:1

Transmissão: Câmbio automático de oito marchas à frente e uma a ré. Possui controle de tração. Tração 4X2 com 4X4 e 4X4 com reduzida, controlada por seletor eletrônico rotatório.

Velocidade máxima: 180 km/h.

Suspensão: Dianteira independente com braços articulados, molas helicoidais, barra estabilizadora e amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados. Traseira com barra de torção com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos e pressurizados. Oferece controle de estabilidade.

Pneus: 265/60 R18.

Freios: Dianteiros por discos ventilados e traseiros por discos sólidos. ABS com EBD de série.

Carroceria: Utilitário esportivo montado sobre longarinas com quatro portas e sete lugares. 4,89 metros de comprimento, 1,90 m de largura, 1,84 m de altura e 2,85 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais de série.

Peso: 2.161 kg.

Capacidade do porta-malas: 205 com sete lugares disponíveis e 554 litros com cinco lugares disponíveis.

Tanque de combustível: 76 litros.

Produção: São José dos Campos, Brasil.

Lançamento da geração no Brasil: 2012.

Face-lift: 2024.

Preço: R$ 377.890.

Preço da unidade avaliada: R$ 378.840.