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A3 vai para o sacrifício

Cobertor curto

Audi A3 melhora o visual e ganha em eficiência, mas negligencia a performance e os equipamentos de segurança

                O novo Audi A3 Sedan chegou em novembro tentando recuperar alguma importância no line-up da marca no Brasil. O modelo chegou com duas versões e duas motorizações. A versão mais simples, S Line Limited, pode receber tanto o motor 1.4 TFSI de 150 cv quanto o 2.0 TFSI de 190 cv. Já a versão Performance Black dispõe apenas do motor 2.0, mas apesar da designação instigante, tem os mesmos 190 cv da S Line – o antigo 2.0 tinha 220 cv. A lógica aqui, na verdade, foi apostar mais na economia que no desempenho. No Brasil, os preços sem opcionais começam com R$ 249.990 do S Line 1.4, chegam a R$ 269.990 do S Line 2.0 e alcançam os R$ 284.990 do Performance Black.

                A renovação visual segue a tradicional sutileza da marca, com pequenas alterações no conjunto, mesmo que muitos detalhes sejam modificados. Em termos de design, as linhas ganharam ângulos marcantes e a aparência geral ficou mais musculosa. Ao mesmo tempo, manteve os elementos típicos da marca. Na linha S, a grade de moldura única ostensiva no acabamento favo de mel e com contorno cromado, com os quatro anéis ao centro. Os faróis com luzes diurnas integradas são em led e na parte inferior do para-choque há entradas de ar simuladas, também no acabamento favo de mel.

                Nas laterais encontramos rodas de alumínio com cinco raios de 18 polegadas, saias laterais e contorno das rodas bem ressaltadas capas de espelho em preto brilhante e contorno de janelas em alumínio. A traseira ficou ligeiramente mais elevada e se destaca pela tampa superior da tampa do porta-malas que simula um pequeno spoiler. As lanternas são em led enquanto na parte inferior do para-choque traz pequenas grades com acabamento favo de mel e falsas saídas de escape cromada dupla.

                O A3 sedã mudou também sutilmente nas dimensões. Ele ficou 4 cm mais longo que o seu antecessor, 2 cm mais largo e 1 cm mais alto. A distância entre-eixos não cresceu e se manteve em 2,63 metros, o que o deixa em desvantagem com os rivais diretos, BMW 218i, que tem 4 cm a mais, e Mercedes-Benz A200, que chega a 2,73 metros. Isso, obviamente, se reflete diretamente no conforto da cabine. O porta-malas permaneceu com os 425 litros de capacidade.

                Por dentro, o design mantém o conceito de traços e ângulos marcados. A qualidade dos materiais é compatível com o segmento, apesar de o revestimento de banco e volante serem em couro sintético. Há também um excesso de plásticos rígidos aparentes, apesar do bom aspecto. Na parte superior do console, há um acabamento em pesponto cruzado e no lado direito se destacam as saídas de ar com detalhes cromados. Abaixo, uma guarnição em alumínio traz uma placa de identificação da marca. Em torno da tela do sistema multimídia e no console central há placas em preto brilhante, recurso comum até mesmo em carros mais simples.

                No que diz respeito aos equipamentos, há o clássico painel digital configurável da Audi, o Virtual Cockpit, com tela de 10,25 polegadas que pode adotar diversos grafismos, mas exibe permanentemente o tacômetro e o velocímetro. A central multimídia tem tela “touch” de 10,1 polegadas, que pode espelhar sem fio Android Auto e Apple CarPlay. Ele contém rádio, navegador, Bluetooth, WiFi, Internet LTE, câmera de ré e o sistema de áudio é da Bang & Olufsen.

                Os recursos tecnológicos não surpreendem. O A3 traz chave presencial para travas e ignição, assistente de estacionamento, freio de mão elétrico, clima de zona dupla, dois carregadores USB tipo C e um de 12 volts. Na parte de segurança, ele traz o mínimo para a categoria, como seis airbags, além de itens obrigatórios como freios ABS, controle de tração e estabilidade e assistente de partida em colina. No entanto, é surpreendente que não traga sistemas de assistência à condução, como frenagem de emergência, manutenção de faixa ou qualquer outro. Talvez seja a forma que a Audi encontrou para forçar seus consumidores a escalarem a gama atrás de modelos mais completos, mais de acordo com a imagem da marca (por Jorge Blancarte, do Autocosmos México. Exclusivo no Brasil para Auto Press).

 

Primeiras impressões

Dinâmica de equilíbrio

                Foram disponibilizadas para avaliação as duas motorizações do Audi A3 Sedã. O primeiro foi o 1.4 TFSI, de 150 cv e 25,5 kgfm. Este não é flex, como acontecia na geração anterior e que atualmente equipa de Volkswagen Polo a Taos no Brasil. O outro é o 2.0 TFSI, de 190 cv e 32,7 kgfm, diferente do usado na geração anterior, que era compartilhado com o Golf GTI, que rendia 220 cv e 35,7 kgfm. O motor menor recebe uma caixa sequencial de oito marchas enquanto o 2.0 trabalha com um câmbio de dupla embreagem de sete velocidades.

                O motor 1.4 se comporta esperado: tem potência e torque razoáveis. Ao dirigi-lo, em nenhum momento se sente o carro fraco ou pesado. Pelo contrário: é ágil e oferece uma resposta de aceleração aceitável. As mudanças na caixa de velocidades são suaves, muito curtas. Com este bloco é possível manter velocidades de cruzeiro de 120 km/h e o carro fica tranquilo, sem sofrer e ainda com uma certa potência disponível.

                Já o 2.0 é mais raivoso. Ele dispõe de força suficiente para qualquer situação de condução e faz o carro se sentir leve e realmente torna o A3 bastante rápido. A entrega de energia é quase imediata, isso é por causa dos bons números de torque como a caixa de dupla embreagem. As mudanças são muito rápidas e quase imperceptíveis. A velocidade em que ele fica mais confortável na estrada é em torno dos 140 km/h, mas pode encarar velocidades de cruzeiro de 150, 160 km/h sem muito esforço.

                Ambas configurações oferecem modo manual e as mudanças são controladas pelos paddle shifts localizados no volante. O Audi Drive Select está disponível apenas para a versão 2.0. Ele oferece diferentes modos de condução, que alteram a entrega de energia em baixas e altas velocidades, bem como em retomadas. O sistema também modifica a sensação da direção progressiva, que fica mais rígida nas curvas, o que permite que mudanças sejam feitas com maior precisão em altas velocidades.

                 No que diz respeito à suspensão, foi modificada para oferecer melhor conforto de passeio e, ao mesmo tempo, filtrar adequadamente as deformações do asfalto. Ela mostra eficiência em situações estressantes, mas é um pouco baixa e o fundo do modelo pode arrastar com facilidade. Além disso, é preciso ter cuidado com buracos, pois o flanco dos pneus é muito fino.