por Eduardo Rocha
Auto Press
Nos últimos tempos, a Audi teve de enfrentar um processo
de reestruturação no Brasil. No passado recente, a marca enfrentou uma fase de expansão artificial, quando comercializou seus modelos com margens muito apertadas. O trabalho do atual presidente e CEO da Audi do Brasil, Johannes Roscheck, foi racionalizar as operações, até mesmo com o enxugamento da gama e diminuição do número de versões de cada modelo. A chegada da nova geração do A6 e do A7 dá uma boa medida dessa atitude. Os dois chegam em versão única e disponibilizam um único motor, o 3.0 V6 TFSI. Até os poucos opcionais disponíveis são os mesmos: head up display, iluminação matricial full led e sistema de visão noturna. E nada de tentar ganhar mercado com preço forçadamente atraentes. O A6 sai a R$ 426.990 e o A7 a R$ 456.990.
A racionalidade na hora de dimensionar a linha não significa que a Audi abandonou qualquer uma das funções primordiais de seus modelos. Nos casos do A6 e A7, o objetivo é unir esportividade, tecnologia e glamour. Com um adicional de ousadia estilística no caso do A7. Os modelos embarcaram uma série de confortos que torna a vida a bordo bem mais divertida, como ar-condicionado com quatro zona de temperatura, sistema de som Bang & Olufsen com 16 alto-falantes e 705 W de potência, teto solar panorâmico, chave presencial, acabamento em couro, banco elétrico com apoio lombar e sistema multimídia de última geração.
Já para facilitar o trabalho de quem conduz, os modelos trazem outras tecnologias, algumas típicas de condução semiautônoma. Caso do sistema Traffic Jam, que combina o controle de cruzeiro adaptativo com assistência ativa de manutenção de faixa, monitoramento do entorno do veículo com câmera 360º e diversos recursos como sensores laterais, alerta de tráfego transversal e sistema Pre Sense, que detecta a iminência de uma colisão e prepara os sistemas de segurança para o choque, que aumenta a tensão dos cintos, fecha os vidros e o teto solar e muda a posição do banco, se necessário.
A versão trazida para o Brasil oferece a tecnologia Mild Hybrid. Trata-se de um sistema de assistência elétrica de 48 volts direcionado para a economia de combustível, composto de um alternador e uma bateria de íon de lítio. Este sistema permite que os modelos da Audi se desloquem em pequenos trechos em velocidades entre 55 e 160 km/h com o motor desligado, quando não há exigência de potência. Também visando economizar combustível, o sistema start/stop desativa o motor em velocidades abaixo de 22 km/h, quando o motorista está deixando o carro rolar – na aproximação de um semáforo fechado, por exemplo.
Essa preocupação com a economia é, no fundo, uma forma de o veículo não ser penalizado por impostos por conta da alta potência do motor. No caso, o 3.0 V6 dos Audi geram 340 cv e 51 kgfm de torque. Ele é gerenciado por um câmbio de dupla embreagem S Tronic, com trocas manuais no volante, e tem tração integral. Este conjunto é capaz de empurrar tanto o A6 quanto o A7 a até 250 km/h e os acelera de zero até 100 km/h em apenas 5,3 segundos. Rápidos e elegantes.
Ponto a ponto
Desempenho – O motor 3.0 V6 do Audi A7 Sportback é, por enquanto, o único disponível. E ele coloca o cupê de quatro portas em um nível de desempenho bastante alto. O ímpeto para acelerar é brutal. Ele chega ao 100 km/h, partindo da imobilidade, em apenas 5,3 segundos e continua acelerando e ganhando velocidade além desse ponto. As sete marchas do câmbio de dupla embreagem S Tronic têm relações próximas, o que torna as mudanças quase imperceptíveis, com trocas praticamente instantâneas. Nas reduções, solicitadas no acelerador, o sistema entende rapidamente a intenção do condutor. O motor foi mexido em relação ao usado na primeira geração do A7, tem agora 51 kgfm de torque – 7 kgfm a mais ‑ que ficam plenos já a 1.370 giros, ou pouco acima da marcha lenta. O propulsor tem também assistência elétrica de um sistema Mild Hybrid, direcionado à redução de consumo. Nota 10.
Estabilidade – Com quase 5 metros e duas toneladas, o A7 é grande e pesado. Mas o conjunto suspensivo consegue neutralizar bem os movimentos da carroceria. Em curvas, o cupê rola pouco e nas retas não sofre desvios de trajetória nem exige correções. Boa parte dessa estabilidade toda se deve ao sistema de tração integral quatro. Dificilmente os aparatos de auxílio dinâmico são chamados ao serviço. Nota 9.
Interatividade – A Audi decidiu simplificar a vida de seus usuários. Abandonou a estapafúrdia ideia de não utilizar telas touch e ainda por cima instalou saídas USB para facilitar a conectividade. Melhor que isso: o aplicativo Apple CarPlay pode interagir com o sistema multimídia via Bluetooth, sem cabos. Toda a interação é feita através de três displays. O maior é o painel totalmente digital, chamado aqui de Virtual Cockpit Plus, projetado em uma tela de 12,3 polegadas à frente do motorista. O segundo é na parte superior do console central, com 10,1 polegadas, indicada para acessar o sistema multimídia, GPS e configuradores de modo de condução. A terceiro, logo abaixo do segundo, tem 8,6 polegadas e assume os controles do ar-condicionado, mas também funciona como o antigo pad, ao permitir que o condutor escreva diretamente na tela determinados comandos. A maioria dos controles são redundantes e as funções podem ser acessadas também por comando vocal e pelo volante multifuncional. Como opcional, a Audi disponibiliza ainda um head up display colorido. Nota 10.
Consumo – O InMetro avaliou o novo Audi A7 Sportback com motor 3.0 24V. E o resultado apresentou uma melhora comparado à média da primeira geração em relação ao consumo na cidade, que foi de 7,7 para 8,3 km/l. Na estrada, ao contrário, subiu de 10,6 para 10,4 km/l, sempre com gasolina – aparentemente, o teste do InMetro não foi tão afetado pela ação do sistema Mild Hybrid. De qualquer forma, a nova na categoria subiu de D para C, mas na classificação geral se manteve em D. O consumo energético caiu de 2,53 para 2,43 MJ/km. Nota 6.
Conforto –Como o próprio nome indica, o Audi A7 Sportback tem uma pegada esportiva. E isso, de um jeito ou de outro, significa que o conforto vai ser sacrificado em algum ponto. No caso, a suspensão e o conjunto de rodas e pneus – aro 20 – privilegiam descaradamente a estabilidade e deixaram o conjunto rígido. As irregularidades não afetam a direção, mas são sentidas pelos ocupantes. Os bancos, embora extremamente ergonômicos, não aliviam muito a situação, já que levam a sério a função de apoiar e sustentar o corpo do condutor e do carona. Por outro lado, alguns dos recursos ADAS, de assistência avançada à condução, ampliam o conforto. Caso do sistema Traffic Jam, que combina controle de cruzeiro adaptativo com o sistema de manutenção de faixa de rolagem e pode frear até parada total e retomar o movimento, desde que ocorre em menos de dois segundos – o que é bem útil em tráfego pesado. Nota 8.
Tecnologia – O trem de força, que já era moderno, foi reengenheirado e ganhou um sistema auxiliar híbrido suave. A nova plataforma. MLB evo, para veículos com motor longitudinal, ganhou em rigidez e perdeu peso em relação ‘a primeira geração da plataforma. O A7 conta também com diversos recursos de condução semiautônoma e outros tantos de segurança. Todo o entorno do veículo é monitorado permanentemente. Os sistemas de conectividade e infoentretenimento também estão entre os mais modernos disponíveis no mercado é moderno e não faltam itens tecnológicos em seu interior – com ar-condicionado de quatro zonas, bancos elétricos com memória, etc. O Audi Drive Select, que configura os modos de condução, altera a ação do motor, câmbio, direção e suspensão e altera de forma sensível o comportamento do carro. Nota 10.
Habitabilidade – O acesso ao carro é facilitado na parte dianteira pelo bom ângulo de abertura das portas. Na traseira, o caimento acentuado do teto força os passageiros a um pequeno contorcionismo para entrar. Uma vez no interior, o ambiente é aconchegante, luxuoso e bastante adequado para quatro passageiros. Uma praga entre os cupês é o acento traseiro afundado, para evitar que as cabeças colidam com o teto rebaixado. A sonorização é de alta qualidade e em condições normais, nem o barulho do motor nem o do exterior chegam a entrar na cabine. O interior tem alguns bons nichos para acomodar pertences e o porta-malas é capaz de acomodar as bagagens de quem não estiver de mudança, com 535 litros. Nota 9.
Acabamento – A cabine faz uma combinação de elementos bastante sofisticada, com couro, alumínio, cromados e superfícies vidradas, como as das telas no painel, console e no tablier à frente do passageiro, que dão um aspecto tecnológico e futurista ao interior. Os materiais são de boa qualidade e têm um bom nível de requinte. As superfícies são agradáveis ao toque e boa parte delas é macia. O design reforça a ideia de painel de nave espacial. Nota 10.
Design – As caixas de roda do novo Audi A7 Sportback cresceram e isso afetou todo o perfil do carro. Além de acomodar bem as rodas de 20 polegadas, passa a impressão de que as linhas são mais afiladas e penetrantes, o que aumenta a sensação de velocidade. Mas o charme do modelo é mesmo o teto com caimento em curva suave até tocar a traseira. Na frente, nada muito novo. É o velho estilo Audi. A mesma grade estilo bocão – chamada de single frame – ladeada por conjuntos ótimos estreitos. A ausência de cromados externos ajuda no visual mais esportivo. Na traseira, as lanternas ganharam uma superfície bem ressaltada e as seções internas são bem trabalhadas com as luzes de led. A conexão de uma lanterna com outro por uma faixa de led é que fica um pouco extravagante. Nota 8.
Custo/Benefício – O segmento de cupê de quatro portas serve para quebrar a monotonia dos antigos sedãs médios-grandes de luxo. Mas paga-se um preço por isso. Em relação ao A6, que é praticamente o mesmo carro com outra roupa, o A7 custa R$ 30 mil a mais. É caro, mas é bem completo. Sem opcionais, fica em R$ 456.990. Com tudo, como os modelos da apresentação, fica em R$ 499.390. O único rival non segmento é o Mercedes-AMG CLS 53, que quase 100 cv a mais e custa R$ 621 mil. De qualquer forma, o A7 ainda tem preço proibitivo. Nota 4.
Total – O Audi A7 Sportback somou 84 pontos em 100 possíveis.
Primeiras impressões
Talento dinâmico
Rio de Janeiro/RJ – O Audi A7 é um daqueles raros carros em que tudo é superlativo. Acelera muito, freia muito faz muita curva e exibe um padrão de direção elevadíssimo. Obviamente, nada disso é apenas “talento natural”. Tem ali por baixo, é claro, muita engenharia. Mas o fundamental mesmo é o alto investimento em materiais nobres e em desenvolvimento de tecnologias que permitem que o cupê de quatro portas da Audi responder em um nível tão alto. Todas as capacidades do carro vão muito além das possibilidades que as estradas nacionais oferecem. Mas, mesmo que não se explore a esportividade do modelo, o A7 tem muito a oferecer.
Para começar, o interior é luxuoso e bem agradável, com espaço generoso para quatro passageiros. Chamam a atenção os recursos de conectividade do modelo, o ar-condicionado de quatro zonas, os acabamentos de primeira linha e o isolamento acústico. Para quem está atrás do volante, o comportamento dinâmico do A7 impressiona não só pela agressividade do motor, mas também pela facilidade que é conduzir, mudar de direção e manter o controle do carro. O contraponto é a suspensão, rígida demais para controlar suas quase 2 toneladas de peso. As rodas aro 20 também atrapalham na filtragem das irregularidades da pavimentação.
O A7 dispõe ainda de recursos de ADAS, de assistência avançada do motorista, que permite até que o carro acompanhe o fluxo do trânsito automaticamente, fazendo inclusive curvas suaves, apenas com a supervisão do motorista. O A7 permite até que o condutor tire a mão volante, mas somente por pouco segundos. A partir daí, ele protesta com veemência através de alerta visual e sinal sonoro.
Ficha técnica
Audi A7 Sportback 3.0 TFSI Mild Hybrid system
Motor: A gasolina, dianteiro, longitudinal, 2.995 cm³, com seis cilindros em V, quatro válvulas por cilindro e duplo comando de válvulas continuamente variável. Sobrealimentado por compressor mecânico com duplo intercooler. Acelerador eletrônico e injeção direta de combustível. Sistema híbrido suave com assistência elétrica por sistema de 48 v através de alternador e bateria de íon de lítio.
Transmissão: Automatizada de dupla embreagem com sete velocidades à frente e uma a ré. Tração integral quattro. Controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 340 cv entre 5 mil e 6.400 rpm.
Torque máximo: 51 kgfm entre 1.370 e 4.500 rpm.
Diâmetro e curso: 84,5 mm x 89,0 mm. Taxa de compressão: 10,3:1.
Aceleração 0-100 km/h: 5,3 segundos.
Velocidade máxima: 250 km/h.
Suspensão: Dianteira independente com triângulos sobrepostos, molas helicoidais, amortecedores eletrônicos a gás e barra estabilizadora. Traseira com cinco braços, molas helicoidais, amortecedores eletrônicos a gás e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS e EBD.
Pneus: 255/40 R20.