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Chevrolet Onix hatch, a anatomia de um sucesso – ori

Chevrolet Onix é um fenômeno de vendas no Brasil. E um dos motivos é a tecnologia oferecida na versão Premier

por Eduardo Rocha

Auto Press

No Brasil, há uma diferença fundamental na oferta de produtos das chamadas quatro grandes montadoras, que designa as mais antigas fabricantes, das marcas designadas “new comers” – que já nem são tão mais novas assim. As “novatas” costumam criar poucas versões fixas para seus modelos, sem possibilidade de customização no conteúdo. Já marcas como Chevrolet, Fiat e Volkswagen oferecer uma maior diversificação tanto de versões como de pacotes opcionais. Essa diferença ocorre pela própria simplificação das linhas produtivas nas montadoras mais recentes, em contraposição das mais tradicionais, que acumulam muitos anos de investimentos nas fábricas. Obviamente, a aposta é que essa maior possibilidade de escolha para o consumidor acabe se revertendo em venda. Um bom exemplo dessa diversidade é o novo Chevrolet Onix. O modelo tem nada menos que seis versões e cada uma delas com até três pacotes de opcionais, o que resulta em mais de uma dúzia de subversões diferentes. E a versão mais completa de todas do novo Onix é a Premier.

Mesmo em tempos de pandemia, o Onix continua liderando o ranking de vendas este ano, com cerca de 50 mil unidades, o que é o dobro do segundo colocado – o Onix Plus, a versão sedã do modelo. Mesmo que desse total fossem excluídas as vendas do Onix Joy, primeira geração do modelo, a diferença de volume para os rivais ainda seria assombrosa. Um dos segredos desse sucesso é a diversidade de ofertas já descrita. Outro é que a Chevrolet aproveitou a troca de geração para elevar o modelo a um patamar tecnológico bem superior ao dos rivais diretos. Apenas na parte de segurança, o modelo traz seis airbags, sensor de ponto cego, alerta de colisão frontal, controle de estabilidade e tração e sensor frontais e traseiros. Ainda tem outros recursos de conforto que ainda não são tão comuns no segmento de compactos, como chave presencial para travas e ignição, sistema de estacionamento semiautomático e ar-condicionado com controle eletrônico de temperatura.

O modelo traz ainda outros itens desejáveis, que transmitem a ideia de modernidade. Casos do carregador de celular por indução, sensor de luminosidade e de chuva, sistema de assistência remota OnStar e central multimídia com tela de LCD de 7 polegadas sensível ao toque com Bluetooth para dois celulares simultaneamente, aplicativos Android Auto e Apple CarPlay e sistema de roteamento wi-fi para até sete aparelhos Esse roteador, disponível em todas as versões do modelo, é uma das apostas do marketing da marca para diferenciar a segunda geração da linha Onix.

Sob o capô há a terceira grande razão do sucesso do novo Onix. O motor 1.0 turbo de três cilindros oferece uma enorme agilidade ao modelo. Ele rende 116 cv de potência e 16,3/16,8 kgfm de torque, com gasolina e etanol. Ele é gerenciado por um câmbio automático de seis marchas, com um botão na alavanca para mudanças manuais sequenciais. Com ele, o modelo chega à máxima de 171 e faz de zero a 100 km/h em 10,1 segundos. A versatilidade de oferta do sedã também se expressa na tabela de preços. O Onix hatch tem versões de vão dos R$ 50.990 da versão LT manual, com motor 1.0 aspirado, até os R$ 72.590 da versão Premier, que sobe para R$ 77.240 com todos os opcionais.

Ponto a ponto

 

Desempenho – O Onix se vale de uma equação favorável, que combina uma carroceria leve e um torque bem consistente, de 16,3/16,8 kgfm, já no máximo a 2 mil rpm. Com isso, o modelo se mostra rápido nas acelerações e retomadas e ganha velocidade de forma progressiva e homogênea. O mesmo baixo peso que ajuda no desempenho facilita o trabalho dos freios, que se mostrou bem eficiente. O câmbio automático e o motor de três cilindros 1.0 turbo se entendem muito bem e dão bastante agilidade ao hatch. O motor de 116 cv apresenta alguma vibração em torno de 4 mil giros, mas isso é algo que prejudica mais o conforto que o desempenho. Nota 9.

Estabilidade – A suspensão do Onix traz sistema McPherson na frente e barra de torção na traseira, com um acerto meio “europeu”, mais para o rígido. Com isso, tem um ótimo controle da carroceria e apresenta pouca rolagem nas curvas. A direção é bem direta e comunicativa, mas o volante é um pouco maior que o ideal. A traseira se mostra bem mais obediente que no Onix Plus, versão sedã da linha. O controle eletrônico de estabilidade e tração só dão sinal de vida quando é estritamente necessário. Nota 9.

Interatividade – A Chevrolet sempre busca uma forma de melhorar o entrosamento de seus carros com o motorista. Foi o Onix lançado em 2012 que popularizou a central multimídia. Agora a ideia foi fazer o mesmo com um sistema de sinal wi-fi. O roteador do Onix é capaz de conectar até sete aparelhos ao mesmo tempo. Ele se soma à central multimídia e ao sistema OnStar para oferecer uma boa conectividade. A versão Premier traz ainda alguns recursos a mais, como chave presencial, sensor de ponto cego, monitor de pressão dos pneus e alerta de colisão, entre outros. Nota 9.

Consumo – Os dados do Programa de Etiquetagem Veicular relativos ao Onix aferidos pelo InMetro apontam para um consumo em estrada de 10,7 e 15,1 km/l e na cidade de 8,3 e 11,9 km/l, com etanol e gasolina. Estes valores rendem ao hatch compacto da Chevrolet classificação B tanto na categoria quanto no geral. Nota 8.

Conforto – A suspensão do Onix é bem firme e em pisos irregulares rouba um pouco do conforto os ocupantes. A cabine não é tão bem isolada, principalmente em relação ao barulho de rodagem e do motor, que tem um incômodo ponto de reverberação em torno de 4 mil giros. Já os bancos bastante ergonômicos e sustentam bem o corpo, mas poderiam ser mais macios. Nota 6.

Tecnologia – Como tem um projeto recente, o Onix segue conceitos bem modernos, como motor pequeno e construção com aços de alta resistência e baixo peso. A arquitetura eletrônica também é moderna, embora não seja das mais sofisticadas. Mas é suficiente para sustentar recursos como controle de estabilidade e tração, alerta de colisão, roteador wi-fi e sistema de estacionamento semiautomático. Nota 8.

Habitabilidade – O Onix tem um entre-eixo compatível com o segmento, com 2,55 metros, capaz de fornecer espaço suficiente para pernas e cabeça de quatro adultos. No habitáculo há diversos nichos e porta-trecos nas portas, que permitem organizar bem os objetos de uso diário. O porta-malas com capacidade de 275 litros é dentro do esperado. Nota 7.

Acabamento – Os materiais de contato direto parecem resistentes, mas não há qualquer luxo. O revestimento dos bancos, em couro sintético, também não é suficiente para transmitir a ideia de requinte. A versão testada trazia uma composição de plásticos pretos e cinza, bem discreta e elegante. Nota 7.

Design – A Chevrolet não arriscou. O Onix não traz qualquer ousadia no design para não ter possibilidade de rejeição. De fato, as linhas são simpáticas e a boa largura do modelo passas a sensação de ser maior do que é. A mistura de traços orgânicos e geométricos cria um conjunto atraente e equilibrado. Nota 8.

Custo/benefício – O Chevrolet Onix Premier tem poucos opcionais, é bem recheado e traz um preço bem agressivo. Começa em R$ 72.590 e completo chega em R$ 77.240, com recursos superiores aos de rivais que custam mais. O HB20 Diamont Plus fica em R$ 77.990, Fiat Argo Precision vai a R$ 77.470, ambos equipados com conteúdo próximo ao do Onix Premier II. Honda Fit EXL e Toyota Yaris XLS Conneted e Volkswagen Polo Highline têm preços acima de R$ 85 mil. Nota 8.

Total – O Chevrolet Onix Premiere II somou 79 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Dinâmica de mercado

Chega a causar estranheza a contatação de que a versão hatch do Chevrolet Onix tem aceleração e velocidade máxima inferiores aos da versão sedã. O hatch faz de zero a 100 km/h em 10,7, um segundo a mais que o Onix Plus. A máxima do sedã é de 195 km/h, enquanto no hatch é limitada eletronicamente a 187 km/h. Isso acontece porque a configuração hatch foi lançada logo após os problemas com o motor 1.0 turbo no modelo de três volumes. A GM contornou rapidamente a situação e, de quebra, fez novos ajustes no propulsor. A diferença é ínfima e, de fato, só pode ser percebida com instrumentos de precisão. Principalmente porque o Onix se mostra ágil, rápido e muito divertido de conduzir.

Um dos responsáveis por esse desempenho é o fato de ser um carro leve para quem carrega tanto recheio. São pouco mais de 1.100 kg para um propulsor de 116 cv e 16,3/16,8 kgfm disponíveis em praticamente toda a faixa útil de giros. Arrancadas e retomadas são vigorosas e o ótimo câmbio de seis marchas mantém o ritmo ao não deixa espaço entre as marchas. Nas curvas, o hatch leva uma clara vantagem para o sedã, embora ambos tenham ótima estabilidade.

O único ponto negativo do propulsor 1.0 Turbo é que ele trabalha de forma áspera, sem refinamento, e falta um trabalho acústico mais minucioso. Obviamente, a adição de mais material fonoabsorvente encareceria o sedã e pioraria a relação peso/potência, que fica em bons 9,6 kg/cv muito por conta do baixo peso estrutural do modelo.

Do lado de dentro, o Onix Premiere é bem generoso em itens de conforto e tecnologia. O sistema multimídia é bem amigável com smartphones, e a versão contava ainda com ar automático, sensores de obstáculos laterais e dianteiro, sistema de estacionamento semiautomático, roteador wi-fi, sensor de ponto cego e chave presencial para travas e ignição. Falta apenas um pouco de requinte, por conta dos materiais de revestimento, mesmo na configuração mais alta da gama. Mesmo o couro sintético dos bancos carece de um certo refinamento. Seja como for, na ponta do lápis, o Onix ainda justifica amplamente o sucesso que vem colhendo no mercado.

Ficha técnica

Chevrolet Onix Premier

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 999 cm³, três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, sobrealimentado por turbo e comando duplo no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico.

Transmissão: Câmbio automático de seis velocidades à frente e uma a ré, com modo manual sequencial com mudanças por botão na alavanca de câmbio. Tração dianteira. Oferece controle de tração.

Potência: 116 cv com gasolina ou etanol a 5.500 rpm.

Torque máximo: 16,3 kgfm com gasolina e 16,8 kgfm com etanol a 2 mil rpm.

Aceleração 0-100 km/h: 12 segundos com gasolina e 10,7 s com etanol.

Velocidade máxima: 187 km/h com gasolina e etanol.

Diâmetro e curso: 74 mm x 77,5 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com barra estabilizadora, amortecedores pressurizados e molas helicoidais. Traseira por eixo de torção com molas helicoidais e amortecedores pressurizados. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.

Pneus: 195/55 R16. Sobressalente 115/75 R15

Freios: Discos ventilados na frente e a tambor atrás. Oferece ABS com EBD e assistente de partida em rampa.

Carroceria: Hatch em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Comprimento de 4,16 metros com 1,73 m de largura, 1,47 m de altura e 2,55 m de entre-eixos. Possui airbags frontais, laterais e de cabeça de série.

Peso: 1.113 kg, com 375kg de carga útil.

Capacidade do porta-malas: 275 litros.

Tanque de combustível: 44 litros.

Lançamento: novembro de 2019.

Produção: São Caetano do Sul, São Paulo.

Preço: R$ 72.590.

Preço da unidade testada: R$ 77.240.