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Concorrência real e imediata

Missão de conquista

BYD King aposta no custo/benefício atrás da liderança entre sedãs médios

por Mauricio Juárez

Autocosmos.com/México

Exclusivo no Brasil para Auto Press

A BYD é imparável em quase todos os países onde está presente. Os carros elétricos da marca estão se espalhando por diversos mercados ocidentais com enorme sucesso, principalmente por oferecerem elétricos e híbridos com preços competitivos – a ponto de provocar reações protecionistas em diversos países, mesmo os com governos supostamente liberais. E o BYD King é uma peça central dessa estratégia. O sedã briga no segmento de sedã médios, que no Brasil é amplamente dominado pelo Toyota Corolla. Foi exatamente no modelo japonês que o King focou e aos poucos vem ganhando mercado.

Em dezembro, às custas de muitas promoções, o sedã híbrido plug-in emplacou quase 2 mil unidades, contra quase 3.500 do Corolla. Atualmente o modelo está sendo oferecido com descontos acima de 10%, com os valores da tabela oficial caindo de R$ 179.900 para R$ 159.900 na versão GL avaliada – preço próximo do Corolla como motor a explosão mais barato. E a tendência é que as promoções fiquem cada vez mais agressivas, já que foram nacionalizados milhares de carros da marca chinesa no ano passado para escapar dos aumentos de impostos para carros eletrificados importados.

Em termos de medidas, é um sedã médio típico, com 4,78 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,50 m de altura com 2,72 m de entre-eixos. O porta-malas comporta bons 450 litros. Esteticamente, o King não é tão extrovertido quanto se esperaria de um modelo chinês, pois traz elementos que reforçam a identidade da marca ao mesmo tempo que tem uma certa sobriedade.

A frente é adornada por uma grade de bom tamanho que é ladeada por quadrados que simulam uma desconstrução das entradas de ar, além de outros elementos cromados e faróis não tão finos. As entradas de ar laterais são canais que visam suavizar o fluxo de ar para melhorar sua aerodinâmica. Nas laterais vemos poucas linhas de expressão e um formato de sedã tradicional. Ele também monta rodas de 17 polegadas em tom duplo. Enquanto na parte de trás as lanternas em led são interligadas por uma guarnição reflexiva.

No caso da versão GL, ela perde em relação à GS principalmente itens ligados à tecnologia elétrica. A bateria tem capacidade de 8,3 kWh contra 18,3 kWh da GS. Isso significa que a autonomia elétrica é de 32 km, contra 80 km. A potência e torque do motor elétrico também são menores: 179 cv e 32,1 kgfm contra 197 cv e 33,2 kgfm capacidade. A potência combinada com o motor 1.5 fica em 209 cv contra 235 cv do GS. Ainda tem outros recursos perdidos. O GL não tem fluxo de energia em duas vias (não funciona para alimentar equipamentos externos), tem ar com apenas uma zona e o banco do carona perde os ajustes elétricos.

Por dentro, o BYD King mostra que as marcas chinesas evoluíram em relação à construção e aos materiais, apesar dos revestimentos dos bancos serem um tanto plásticos perto dos couros sintéticos usados na indústria nacional. Há materiais macios na parte superior do painel e portas, também muitos plásticos rígidos com cores e texturas diferentes. Na rodagem, não houve vibrações ou rangidos que indicassem má qualidade de montagem. O espaço na frente é amplo e é fácil ficar confortável. Na traseira, os assentos são macios, há bom largura na cabine e saídas de ar condicionado, com espaço para as pernas e cabeça generoso.

Em relação aos recursos, o King conta com uma central multimídia compatível com Apple CarPlay e Android Auto, capitaneada por uma tela sensível ao toque de 12,8 polegadas com resposta muito rápida, intuitiva e configurável. Como todo BYD, também ela pode girar para ser colocada verticalmente. O sistema é, suporta conexão 4G e tem navegação nativa. O modelo tem ainda carregador de celular sem fio, freio de estacionamento elétrico e painel de instrumentos digital de 8,8 polegadas.

Já na parte de segurança, o King deixa a desejar. Traz apenas seis airbags, assistente de subida, monitoramento da pressão dos pneus e câmera 360º, além dos itens obrigatórios pela legislação. Nesse segmento, já há uma certa exigência para recursos ADAS. Tendo em conta o preço do carro, um conjunto de assistência avançada não alteraria tanto o valor final e atrairia consumidores que colocam este tipo de equipamento como prioridade.

Impressões ao dirigir

Eficiência e conforto

Ao contrário de muitos híbridos plug-in, onde o motor de combustão assume maior destaque, no King as coisas são o contrário. O motor elétrico é o que terá mais peso na tarefa de dirigir o carro e o motor a combustão só auxilia quando a demanda for alta. Caso contrário, ele passa mais tempo operando como um híbrido em série, onde o motor de combustão simplesmente funciona para manter um nível aceitável de carga.

Um detalhe é que o King nunca esvazia completamente sua bateria. De fábrica, limita-se a não deixar a carga ficar abaixo entre 20 e 25% da carga. Nos mais de 400 km de avaliação, o consumo impressionou. Na cidade, consumo ficou entre 23 e 25,6 km/l. A aceleração é ótima, pois o motor elétrico é muito potente e, embora o objetivo seja a economia, acelera fortemente. Ele também se destaca pela boa capacidade de recuperar energia. O próprio hodômetro do carro aponta que, dos 7.200 km que o carro rodou, cerca de 3.200 km foram no modo puramente elétrico.

A direção é muito suave e responde com boa velocidade. A suspensão é macia e absorve muito bem todos os impactos na estrada. O conforto domina, mas sem cair no excesso de suavidade. Outra coisa boa é o isolamento acústico: quase não entra nenhum barulho do lado de fora. Pela eficiência, espaço, qualidade e manuseio, o King é um competidor que deve ser levado em conta no segmento. Para ser completo, no entanto, faltou um conjunto completo de assistências avançadas.