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Ford Mustang Mach 1: História viva

O Mustang é certamente um dos esportivos mais icônicos do planeta. E entre os Mustang, o Mach 1 só é menos feroz que o Shelby GT 500. O modelo ganhou um novo sistema de injeção e elevou a potência de 466 cv para 483 cv. Não chega a ser uma mudança de vocação, mas apimenta mais um pouco o esportivo que inventou os “pony cars”. O modelo está sendo oferecido por R$ 545 mil, um preço alto, mas compatível com os rivais diretos em desempenho.

Perto de completar 60 anos, o Ford Mustang mantém o vigor, a modernidade e o poder de sedução

Por fora, a versão Mach 1 traz uma larga faixa central, bem grossa traz uma grossa faixa no capô circundada por um friso de uma cor contrastante. No caso do modelo de avaliação, vermelha, a faixa principal preta trazia um friso branco. A mesma combinação se repete nas saias laterais. A grade traz duas molduras redondas, sem outra função além de fazer referência aos tradicionais faróis de milha do modelo original. As entradas de ar nas extremidades do para-choque ficaram maiores e o spoiler inferior está mais destacado. Na traseira, o modelo traz um discreto spoiler. Na traseira, toda a carroceria entre os conjuntos de lanternas é em preto brilhante.

Parado, o Mustang chama muito a atenção. Mas quando se escuta o ronco do motor, a sensação é parecida ao ficar próximo à bateria de uma escola de samba: impossível ficar indiferente. O Mach 1 traz o mesmo motor V8 aspirado com 5.0 litros, mas retrabalhado para ganhar 17 cv. Os 483 cv de potência são acompanhados pelos mesmos 56,7 kgfm de torque do modelo anterior, o Black Shadow. Nessa atualização, o câmbio automático de 10 marchas acabou ganhando um novo conversor de torque. Essas mudanças serviram para melhorar a entrega de potência, mas não afetou os números: Ele manteve a aceleração de zero a 100 km/h em 4,3 segundos. A suspensão adaptativa Magneride foi recalibrada e o Mach 1 ganhou barra estabilizadoras mais grossas tanto na frente quanto atrás, que também ficou mais rígida.

Na cabine, o modelo ficou levemente mais requintado. O revestimento dos bancos com gomos horizontais com uma faixa na cor laranja ou vermelha faz outra referência ao modelo original da década de 1960. O cluster principal de instrumentos traz uma tela de 12 polegadas, que pode ser configurada e também assume um grafismo diferente dependendo do modo de condução escolhido entre os seis disponíveis: Normal, Esportivo, Esportivo+, Pista, Drag e Neve/Molhado. Há ainda um sétimo, que pode ser configurado no computador de bordo do modelo. O sistema atua sobre câmbio, direção, ABS, controle de estabilidade, resposta do acelerador, suspensão e até no ruído do escapamento.

O modelo conta ainda com um sistema de som da dinamarquesa Bang & Olufsen com 12 alto-falantes, subwoofer e 1000 W de potência. Ele traz ainda faróis full led, rodas aro 19, aerofólio traseiro, volante com aquecimento, ar digital duplo, bancos dianteiros aquecidos e com ajustes elétricos, direção elétrica adaptada ao modo de condução, luz ambiente personalizável, sistema multimídia Sync 3 com controle por voz, GPS e conexão com Android Auto e Apple Car Play.

Em relação à segurança, o Mustang chega com oito airbags, controle de tração e estabilidade, monitoramento de fadiga do motorista, alerta de ponto cego, câmera de ré com sensor de obstáculos e diversos recursos de direção semiautônoma, como farol alto automático, sensor de chuva e de luminosidade, controle de cruzeiro adaptativo, sistema de monitoramento de faixa, alerta de colisão e sistema de monitoramento de pedestres, capaz de acionar os freios. (Texto e Fotos: Eduardo Rocha/Auto Press).

 

Ponto a ponto

 

Desempenho – Os 17 cv a mais extraídos do motor 5.0 V8 Coyote por conta do novo sistema de admissão são uma gota em um oceano de 483 cv. Mas é exatamente assim que o Mustang melhora um pouco aqui, outro tanto ali. O torque de 56,7 kgfm é o mesmo. E nas acelerações mais vigorosas continua colando as costas do motorista/piloto no encosto, mesmo que o carro já esteja em movimento – aí entra em ação o rapidíssimo câmbio de 10 marchas, que parece antever as intenções do condutor e tem um escalonamento bem fechado a partir da sexta – basicamente, da sétima à 10, são sobremarchas para economizar combustível. O zero a 100 km/h em 4,3 segundos dá uma noção do vigor do carro. Os modos de conduções pré-configurados realmente mudam a personalidade do carro, mas mesmo na Normal, é um esportivo puro sangue. Nota 10.

Estabilidade – A suspensão é a clássica combinação de McPherson na frente e Multilink na traseira. Só que o Mach 1 conta com sistema MagneRide, que se adapta ao tipo de condução, e também ganhou barras estabilizadoras mais firmes, que não só controlam melhor a carroceria como também se dá maior conforto durante o uso mesmo abusivo do carro. Não é possível testar os limites do Mustang em estrada aberto. É preciso colocá-lo em uma pista para realizar todo seu potencial. Nota 9.

Interatividade – O Mustang usa comandos redundantes para chegar às mesmas funções. Fica a cargo do usuário acionar os recursos através do volante, da tela touch ou mesmo pelo comando de voz – que, infelizmente, não interpreta bem o português. Os comandos são intuitivos, mas há recursos em profusão. Por isso, a tecla com o desenho do cavalo-símbolo facilita muito a vida do motorista. Ela dá acesso imediato aos modos de condução, ao grafismo do painel, ao tipo de iluminação da cabine e até definir o som do escapamento. Nota 9.

Consumo – Economia de combustível só interessa a quem tem um Mustang por conta da autonomia. E dependendo do peso do pé direito, os 60 litros do tanque podem se esvair rapidamente. O InMetro mediu apenas o consumo da versão anterior, a GT, que fez média de 5,9 km/h na cidade e 8,9 km/h na estrada, com notas E, a pior possível, em ambos os quesitos. O Mach 1 não vai ser melhor. Diante de outros esportivos, porém, é um índice até razoável. Nota 5.

Conforto – A suspensão ajustável do Mustang faz com que os ocupantes não sofram muito nos remendos e buracos das ruas brasileiras e acaba deixando o modelo mais versátil no uso cotidiano. A cabine é bem isolada, a não ser quando o motor é posto para roncar. Mas há até um modo silencioso, que quase ninguém que usa um Mustang vai querer adotar. Os bancos são ergonômicos e na frente há muito conforto. Nota 8.

 

Tecnologia – Esta geração do Mustang foi lançada como modelo 2015 e está nos estertores de sua vida útil. E provavelmente será a última animada exclusivamente por motores a explosão. Apesar disso, o modelo vem sendo atualizado e tem uma enorme quantidade de recursos, inclusive para condução semiautônoma. Além de ser atual, ficou ainda mais recheado, com equipamentos para condução semiautônoma. Nota 9.

Habitabilidade – O Mustang é um cupê na acepção da palavra. E o corte é sentido no espaço interno. O enorme console central grande e o teto baixo reduzem bastante a área de movimentação. Por outro lado, a traseira alongada cria um porta-malas de aceitáveis 379 litros. Trata-se de um 2+2, mas desde que os 2 de trás sejam flexíveis e pequenos. A carga máxima de 330 kg deixa claro que não podem ser quatro adultos. Até mesmo pré-adolescentes passam aperta na hora de entrar e sair – o que só é feito com o avanço do banco dianteiro. Nota 7.

 

Acabamento – O Mustang traz o melhor que a Ford pode oferecer em relação a acabamento, design interno e qualidade de matérias. O interior é atraente sem ser espalhafatoso, com acabamentos em preto com detalhes que reafirmam a condição de esportivo, como os detalhes em cromado e em alumínio, a forração dos bancos em couro perfurado e pespontos brancos. Nota 9.

Design – A sexta geração do esportivo já nasceu fazendo referência à versão Mach 1, lançada no final da primeira geração. como modelo 1969. Isso significa que a versão Mach 1 desta geração traz todos os detalhes icônicos do antigo modelo, com faixas e até uma simulação de faróis de milha na grade dianteira. Como sempre, não é preciso nem ver o cavalo incrustado da frente para saber que se trata de um Mustang. Ele mantém as proporções clássicas de um “pony car”: capô longo, corpo baixo, caimento suave na última coluna e corte abrupto na traseira. Nota 9.

 

Custo/benefício – Na comparação com outros esportivos do mesmo quilate, o Mustang leva visível vantagem, apesar de o preço de R$ 545 mil ser 20% superior ao da versão anterior, por conta do dólar urdido pelo Ministro Paulo Guedes. Em dólar, ele custa em torno de US$ 100 mil no Brasil, enquanto nos Estados Unidos sai por cerca de US$ 65 mil. Diante dos rivais, o preço não é dos mais absurdos. Nota 6.

 

Total – O Ford Mustang obteve 81 de 100 pontos possíveis.

 

Impressões ao dirigir

Fonte de prazer

 

O Mustang é uma fonte de sorrisos e espantos. Tanto de quem está do lado de fora e ouve o borbulhante motor V8 soltar seu ronco feroz e ameaçador quanto de quem está do lado de dentro e ver esta ameaça de ferocidade se concretizar quando o acelerador é acionado com mais vigor. Se a pressão for vigorosa demais, não é improvável que se dê início a um “burnout” involuntário. Mas tudo está sob controle. Basta aliviar o peso do pé direito para os pneus pararem de queimar e o Mustang partir em frente como uma bala. Segundo a Ford, o zero a 100 km/h é feito em 4,3 segundos e a máxima é de 250 km/h, limitada eletronicamente.

O que mais impressiona não é apenas o que o Mustang Mach 1 faz, mas como faz. Acelerações e retomadas mais fortes fazem todos a bordo sentirem a pressão. A rodovia é o mais próximo que se pode chegar no dia a dia do habitat natural do esportivo, que é feito realmente para as pistas. O sistema de suspensão adaptativa e a rigidez de braços, barras e carroceria dão ao modelo uma reação neutra nas curvas. E tendência a escorregar a traseira aparece antes até da inclinação da carroceria. Mas por conta dos inúmeros sistemas de controle eletrônico, não acontece nem uma coisa nem outra.

Entrar na cabine é quase vestir o Mustang. Por conta dessa falta de espaço livre, não há nem alça de segurança para o carona, mas apenas de quase não haver rolagem lateral, seria uma gentileza bem-vinda. A porta é grande, mas o teto e o piso baixos exigem elasticidade dos ocupantes da frente e grande flexibilidade dos ocupantes de trás – que também têm de ser de pequeno porte. A ergonomia de volante, pedais, câmbio e comandos é acima da média em relação a outros esportivos.

O painel de LCD configurável traz diversas informações pertinentes a um esportivo moderno e as configurações de diversas funções são capazes de entreter por muito tempo, mesmo com o carro parado. Há aplicativos no computador de bordo para informar desempenho de freios, tempo de volta, aceleração lateral, cronômetro de aceleração, modos de condução, dados a serem exibidos, cores e modelo de instrumentos. É preciso reservar um tempo para colocar o carro no jeito do motorista/piloto.

 

Ficha técnica

Ford Mustang Mach 1

Motor: A gasolina, dianteiro, 5.038 cm³, oito cilindros em V, duplo comando variável de válvulas, quatro válvulas por cilindro. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.

Transmissão: Câmbio automático de dez velocidades à frente e uma a ré. Tração traseira. Oferece controle eletrônico de tração e diferencial de escorregamento limitado.

Potência máxima: 483 cv a 7 mil rpm.

Torque máximo: 56,7 kgfm a 4.600 rpm.

Aceleração de zero a 100 km/h: 4,3 segundos.

Velocidade máxima: 250 km/h.

Diâmetro e curso: 93 mm x 92,7 mm. Taxa de compressão: 12,0:1.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com barra estabilizadora. Traseira independente multilink com molas helicoidais e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade.

Pneus: 255/40 R19 na frente e 275/40 R19 atrás.

Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS com EBD.

Carroceria: Cupê em monobloco, com duas portas e cinco lugares. Com 4,79 metros de comprimento, 1,96 m de largura, 1,38 m de altura e 2,72 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais, de cortina e de joelhos para motorista e passageiros de série.

Peso: 1.783 kg.

Capacidade do porta-malas: 382 litros.

Tanque de combustível: 60 litros.

Produção: Flat Rock, Dearborn, Estados Unidos.

Preço: R$ 545 mil.