Hyundai Creta ganha visual arrojado, mais tecnologia e motor turbo, mas fica muito caro
Desde 2019, a segunda geração do Hyundai Creta, com visual totalmente renovado, vem sendo lançada na Ásia e em países do Leste Europeu. Chegou ao México e África do Sul no final do ano passado e agora passa ser a produzido no Brasil, na fábrica de Piracicaba, no interior de São Paulo. As linhas, bem ousadas, seguem o mesmo conceito Sensuous Sportness (Esportividade Sensual), aplicado ao HB20 dois anos atrás e que dividiu opiniões. No caso do Creta, a polarização deve ser ainda maior, por conta dos conjuntos óticos dianteiros e traseiros inusitados e dos para-lamas gorduchos. Mas somente quanto o modelo chegar às concessionárias, em meados de setembro, a reação do consumidor poderá ser mensurada.
Apesar de ter uma aparência muito diferente, estruturalmente o Creta não mudou. Ou seja: é um face-lift profundo, mas não uma nova geração. Tanto que inclinação das colunas, recorte das portas e inclinação do teto se mantiveram iguais, enquanto os painéis da carroceria foram modificados. O mesmo nível de mudança aconteceu com o interior, onde tudo foi redesenhado – dos consoles às guarnições das portas, passando pelo painel e central multimídia. Em todos os países em que foi apresentado, o modelo é igual, com pequenas mudanças em detalhes estéticos. A versão feita no Brasil utiliza elementos da lançada na Rússia há dois meses. Caso da grade dianteira usada a partir das versões intermediárias, que aqui recebe uma pintura cromada, e também da tampa traseira, com um vinco diagonal na parte interna das lanternas.
Sob o capô mora uma das maiores diferenças desse novo Creta no Brasil. Ele aposenta o cansado motor 1.6 16V flex, de 123 a 130 cv e de 16 a 16,5 kgfm, e passa a usar o conhecido motor 1.0 turbo GDI, já aplicado em algumas versões do HB20. Ele até tem uma potência menor, de 120 cv, mas o torque fica é 6% maior, com 17,5 kgfm, e chega bem mais cedo – a 1.500 giros contra 4.500 rpm. Apenas a versão de topo, Ultimate, recebe o motor 2.0 16V flex que já era oferecido na gama. Agora, ele rende entre 157 e 167 cv (1 cv a mais) com torque de 19,2 a 20,6 kgfm.
A partir dessa mudança visual e de motor, a Hyundai decidiu alterar o posicionamento do modelo – pelo menos neste momento de lançamento. Até aqui, o Creta vinha ocupando uma faixa de mercado começava pouco acima de R$ 90 mil, onde fica a maioria dos SUVs compactos no Brasil. Agora, quem faz esta função é a versão antiga do Creta, que ainda está sendo oferecido apenas na versão Action, a R$ 96.990, enquanto o novo Creta passa a chegar com preços bem mais altos. Começa em R$ 107.490, na versão Comfort, R$ 120.490 na Limited, R$ 135.490 na Platinum e R$ 146.990 na Ultimate, que é a única versão que pode receber a pintura em dois tons, por um adicional de R$ 1.500.
A tendência é que em pouco tempo a Hyundai crie uma nova versão básica – talvez até retornando com o motor 1.6 16V, pois com esses preços dificilmente a marca irá conseguir manter os mesmos níveis de venda que apresentou este ano, em torno de 5 mil unidades mensais.
O novo Creta ficou 3 cm maior, 1 cm mais largo, manteve a mesma altura e ganhou míseros 2 cm entre os eixos, com 4,30 metros de comprimento, 1,79 m de largura, 1,64 m de altura e 2,61 de distância entre eixos. As linhas arredondadas da parte inferior da carroceria, juntamente com os proeminência das caixas de roda, fazem com que pareça robusto e ainda mais largo do que realmente é. A frente baixa obedece ao conceito de design, mas o que chama a atenção mesmo é a frente, com os conjuntos óticos transferidos para as extremidades do para-choque, abaixo da linha de led com a assinatura luminosa.
Por dentro, a evolução do Creta também foi notável. A proposta é moderna e leve, com revestimentos são tecidos e plásticos de boa qualidade. Os bancos traseiros têm a mesma consistência de materiais que os bancos dianteiros e são rebatíveis 60-40. Já o porta-malas oferece uma área de carga que varia dos 408 litros normais para até 1.401 litros com o banco traseiro totalmente rebatido. As soluções de conectividade também são interessantes.
Nas versões Platinum e Ultimate, o painel de instrumentos fica concentrado em uma tela de 7 polegadas, configurável, ladeada por conta-giros, marcador de combustível e de temperatura analógicos, enquanto a tela central tem 10,25 polegadas. Já nas versões Comfort e Limited, o LCD do painel tem apenas 3,5 polegadas e a tela do console, 8 polegadas. A central multimídia, em todas as versões, tem conexão com Apple CarPlay ou Android Auto e também espelhamento.
De relevante, o Creta recebe desde a versão Comfort seis airbags, faróis de projetor, luz diurna em led, câmera de ré e controle de cruzeiro com limitador de velocidade. A versão Limited adiciona sensor traseiro, rodas de liga leve de 17 polegadas, acesso ao aplicativo Bluelink, com funções remotas a partir de um celular, faróis de neblina, carregador de celular por indução, ar condicionado digital, chave presencial e paddle shift para trocas de marcha. A Platinum acrescenta teto solar panorâmico, bancos em couro marrom, banco do motorista com ventilação e câmera panorâmica com emulação de visão aérea, câmera para ponto cego e freio de estacionamento eletromecânico.
Apenas na cara versão Ultimate aparecem sistemas de segurança mais evoluídos, como monitoramento de faixa, controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão com frenagem autônoma, farol alto automático e detector de fadiga. A versão inclui ainda rodas aro 18, sensor de estacionamento dianteiro, faróis full led, lanternas em led e acabamento dos bancos nas cores marrom e bege. (por Eduardo Rocha/Auto Press).