Jeep Renegade Moab chega para ser versão de entrada, mas é atraente e não falta nada
Mesmo na nova configuração de entrada Moab, as versões diesel 4X4 do Jeep Renegade não são nada baratas. O modelo começa a escalada de preços em altos R$ 146.590 – cerca de R$ 45 mil a mais que um Renegade flex com conteúdo semelhante. Esta diferença cresceu nos últimos tempos, juntamente com a cotação do dólar, uma vez que o motor Multijet 2.0 e o câmbio de nove marchas acoplado a um sistema 4X4, principais diferencias do carro, são importados. Nada disso impede, no entanto, que o modelo, depois de seis anos no mercado brasileiro, se mantenha entre os mais vendidos não só da categoria, mas entre todos os modelos.
A ideia da Jeep foi usar o fato de o Renegade Moab ser mais despojado de equipamentos para valorizar um visual mais rústico. Esta personalidade, definida pela Jeep como “selvagem”, é afirmada por detalhes como os ganchos nos para-choques, normalmente em vermelho, pintados de preto, rodas de liga leve aro 17 escurecidas – com as mesmas dimensões da versão Trailhawk ‑ e grade com frisos nas aberturas em preto. Apesar de ter faróis de neblina, uma certa simplicidade é emprestada também pelos faróis convencionais de parábola única, no lugar do tecnológico conjunto ótico em led com assinatura em forma de anel, presentes nas duas outras duas versões diesel, a intermediária Longitude e na top Trailhawk.
O grande trunfo do modelo, no entanto, é mesmo a motorização. No caso, o eficiente propulsor turbodiesel 2.0 litros, capaz de gerar a potência de 170 cv a 3.750 giros e o brutal torque de 35,7 kgfm a apenas 1.750 rpm. Ele é gerenciado por um câmbio de nove marchas e dispõe sempre do sistema de tração bastante versátil, com engates 4X2, 4X4, 4X4 reduzida e 4X4 com bloqueio do diferencial. Além disso, possui um sistema de seleção de terrenos, chamado de Jeep Active Control, como modos para neve, areia, lama e pedra e ainda um modo automático. Cada um deles altera a resposta do motor e do câmbio de acordo com o terreno selecionado. No modo Auto, o sistema alterna a tração entre 4X2 e 4X4 conforme a demanda. No asfalto, por exemplo, a potência é direcionada apenas para as rodas dianteiras, para reduzir o consumo de combustível.
Por dentro, não há maiores ostentações, mas o modelo é bem completo. Tanto que não tem nenhum opcional oferecido – há apenas os acessórios Mopar vendidos nas concessionárias. Os bancos são revestidos em tecido, a central multimídia Uconnect traz tela de 7 polegadas – modesta para os padrões atuais ‑ e tem conexão com Apple CarPlay e Android Auto. O ar-condicionado é dual zone e o modelo traz sensor de estacionamento traseiro, conjugado com câmera de ré. Tem também luzes diurnas, controle de velocidade cruzeiro, volante multifuncional. E ainda tem pequenos confortos como porta-malas iluminado, porta-objetos sob o banco do carona e sob o apoio de braços central. Ou seja: não tem luxos, mas não falta nada que seja essencial. E essa é bem a lógica da configuração Moab.
Texto e Fotos: Eduardo Rocha/Carta Z Notícias
Ponto a ponto
Desempenho – O motor 2.0 Multijet turbodiesel anima o SUV compacto da Jeep com sobras. Ele conta com 170 cv de potência, mas o melhor mesmo é o torque, de 35,7 kgfm, que surge logo aos 1.750 rpm. Ele oferece acelerações e retomadas vigorosas quando se pisa fundo, mas em baixos giros funciona como um pequeno trator. Com rodas aro 17 calçando pneus 215/60, com flanco de 12,9 cm, e os sistemas de tração, com reduzida e bloqueio, o Renegade se torna capaz de enfrentar um off-road com muita destreza. O câmbio automático de nove velocidades é suave e explora bem os recursos do propulsor. A aceleração de zero a 100 km/h em 9,9 segundos mostra que ele é bom também de asfalto. Nota 9.
Estabilidade – A suspensão independente nas quatro rodas controla muito bem os 1.627 kg do Moab. A suspensão rígida, apesar do curso amplo, não deixa a carroceria rolar, apesar de seu 1,71 metro de altura. Não é um carro que instigue uma condução mais agressiva, mas seu equilíbrio em marcha passa sempre a impressão que se está mais devagar do que o velocímetro aponta. Nota 8.
Interatividade – A central multimídia tem uma tela relativamente pequena, de 7 polegadas, mas é suficiente para criar uma boa interface com o usuário. O modelo tem ainda sensor traseiro com câmera de ré, volante multifuncional, sistema de tração integral com cinco modo diferente, ar-condicionado duplo e até borboletas no volante para as trocas de marcha. A tendência, porém, é que o motorista deixe tudo no modo automático e apenas se deixe levar pelo ronronar do motor diesel. Nota 8.
Consumo –O Jeep Renegade com motor Multijet diesel tem melhorado a performance no programa de etiquetagem do InMetro. Em 2019, obteve índices C na categoria e D no geral. Em 2020, a nota na categoria passou para B, enquanto no geral se manteve em D. As médias foram de 9,4 para 10,2 km/l na cidade e de 11,5 para 12,9 km/l na estrada. Nota 7.
Conforto – Vários elementos tornam o Renegade confortável e agradável de conviver: a maciez do motor Multijet, que tem nível de vibração muito baixo, a suspensão independente nas quatro rodas de amplo curso, que filtra bem as irregularidades e suaviza os buracos maiores, os bancos ergonômicos e bom espaço para cabeças e pernas. O habitáculo é um pouco estreito e por isso um terceiro passageiro atrás causa algum aperto. Como acontece, a rigor, com qualquer modelo compacto. Nota 8.
Tecnologia – O Renegade Moad tem um conteúdo bem equilibrado, com uma central multimídia bem funcional, todos os itens de conforto essenciais e uma plataforma forte e resistente, realmente projetada para um utilitário. O moderno motor Multijet é eficiente e é um dos melhores que equipam carros feitos no Brasil. A transmissão de nove marchas ajuda bastante da economia e na dinâmica do modelo e ainda conta com um sistema de tração sofisticado. O modelo já tem sete anos de mercado – seis no Brasil –, mas tem sido atualizado constantemente – como ocorreu com o sistema multimídia – e não mostra nem cansaço, nem defasagem. Nota 9.
Habitabilidade – O Renegade tem diversos guarda-volumes, como sob o banco do carona e o apoio de braço. O entre-eixos não é capaz de impressionar ninguém, com seus 2,57 metros, mas é muito bem aproveitado e oferece bom espaço interno. O entrar e sair do veículo é facilitado devido à altura do modelo. O porta-malas, ajudado por um pneu menor, de uso temporário, tem 320 litros de capacidade – 40 litros a mais que na versão Trailhawk. É razoável para um modelo com 4,23 metros de comprimento. Nota 8.
Acabamento – Os materiais usados no Renegade são resistentes e misturam de forma bem dosada plásticos emborrachados e rígidos. O conceito passa a ideia de robustez para reforçar a vocação do modelo. A não ser por detalhes na cor prata, o interior é discreto e elegante. O revestimento em tecido grosso dá uma certa rusticidade bem vinda à versão. Nota 8.
Design – As linhas do Renegade são simpáticas e seguem um conceito visual bem específico da Jeep, que junta as ideias de robustez e modernidade. O modelo tem porte e presença de um verdadeiro fora-de-estrada. Os detalhes de acabamento da versão Moab passa muito bem as ideias de despojamento. Nota 9.
Custo/benefício – O Renegade Moab não tem um rival direto, pois não há outros SUV compactos diesel vendidos no país – o único que existia, o Troller, foi vitimado pelo fim da produção da Ford no Brasil. Os modelos diesel que se aproximam do preço e da capacidade off-road do modelo da Jeep seriam as picapes médias, que têm outra razão de ser. Ainda assim, os R$ 146.590 pedidos pela versão espantam a freguesia. Há coisa de um ano e meio, a motorização diesel encarecia o Renegade em R$ 28 mil. Atualmente, com o dólar a R$ 5,40, a diferença cresceu em 60%, para R$ 46 mil. Nota 6.
Total – O Jeep Renegade Moab somou 80 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Equilíbrio dinâmico
A versão Moab do Jeep Renegade é a mais simples das que carregam um motor diesel sob o capô, mas isso está longe de significar que é um carro com poucos recursos. O conteúdo traz os itens mais exigidos no segmento – trio, direção, computador de bordo, multimídia com bom nível de conexão, etc – e ainda alguns pequenos luxos, como ar digital duplo e sensor traseiro com câmera de ré. Para destacar a robustez do modelo, a versão traz revestimento interno com um tecido bem resistente e tem diversos detalhes em preto, como as molduras da grade e os ganchos para reboque, recebe rodas 17 com pneus 215/60, menores que as de aro 18 com pneus 225/55 aplicadas na versão intermediária Longitude. O primeiro tem flanco com 12,9 cm enquanto o segundo chega a 12,4 cm, em compensação, como tem um aro menor, tem altura livre para o solo fica 0,8 cm menor, com 21,6 cm no Moab contra 22,4 cm.
Esses 8 mm até fazem alguma diferença no off-road, mas não define a vocação do Moab. Como qualquer Renegade, a nova versão de entrada da linha diesel junta o conforto de um SUV pensado para o uso urbano com a robustez de um SUV capaz de andar na terra e enfrentar caminhos mais rústicos. Não é, no entanto, indicado para a aplicação em um off-road radical. E nem tanto pela estrutura do modelo, que é sólida, mas pelos ângulos de ataque e de saída não tão elevados, respectivamente de 30º e 33º. Na internet, há diversos exemplos de Renegade que tiveram problemas, por exemplo, ao se engancharem em um obstáculo e soltarem toda a frente – para-choque e grade formam praticamente uma peça única. Em geral, o problema nesses casos é com a falta de critério da peça que fica entre o banco e volante.
Se bem usado, o Renegade é um carro extremamente funcional e agradável. O motor Multijet é suave e silencioso. A plataforma foi projetada para ser robusta e não por acaso o Renegade é entre 200 e 300 kg mais pesado que os demais SUVs do mercado – sem contar os 150 kg adicionais que o propulsor diesel e o sistema de tração impõem. A suspensão independente nas quatro rodas, também reforçada, dá conta dessa carga e proporciona uma dinâmica bem neutra. As acelerações e retomadas são bem vigorosas e o zero a 100 km/h é feito em 9,9 segundos, aproveitando o torque generoso de 35,7 kgfm, que aparece na plenitude já a 1.750 giros. Ainda assim, o modelo instiga uma condução tranquila.
Ficha técnica
Jeep Renegade Moab
Motor: Diesel, dianteiro, transversal, 1.956 cm³, turbo, quatro cilindros em linha e quatro válvulas por cilindro. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual automático de nove velocidades à frente e uma a ré. Tração 4X2 com engate 4X4, 4X4 reduzida e bloqueio do diferencial. Sistema tração com cinco níveis de ajuste. Oferece controle de tração.
Aceleração 0-100 km/h: 9,9 segundos.
Velocidade máxima: 190 km/h.
Potência máxima: 170 cv a 3.750rpm.
Torque máximo: 35,7 kgfm em 1.750 rpm.
Diâmetro e curso: 83 mm x 90,4 mm. Taxa de compressão: 16,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Traseira independente do tipo McPherson, links transversais/laterais, barra estabilizadora, amortecedores, hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Oferece controle de estabilidade e sistema anticapotamento.
Carroceria: Utilitário compacto em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,23 metros de comprimento, 1,80 m de largura, 1,72 m de altura e 2,57 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais, de cabeça e de joelho para o motorista.
Freios: Freio a disco na frente e atrás. Discos ventilados na frente. Oferece ABS, controle de descida e assistência de partida em rampa.
Pneus: 215/60 R17.
Peso: 1.627 kg.
Capacidade do porta-malas: 320 litros. com rebatimento dos bancos: 1300 litros.
Tanque de combustível: 60 litros.
Produção: Goiana, Pernambuco.
Preço: R$ 146.590.