Olho no futuro
Nissan expõe no Innovation Week as novas tecnologias e modelos que vão estrear no Brasil nos próximos anos
No Brasil, a japonesa Nissan tem uma atuação discreta, com um portfólio com apenas quatro modelos. No mercado mundial, no entanto, o tamanho da Nissan é outro. A marca tem perto de 5% do mercado e vendeu no ano passado quase 4 milhões de unidades. Nos últimos anos, a marca decidiu que deveria se voltar para as novas tecnologias, que vêm mudando a cara da indústria mundial. É dela o primeiro modelo totalmente elétrico produzido em série, o Leaf, em 2010. Para consolidar a imagem de marca tecnológica, pela terceira vez a Nissan América do Sul promoveu a Innovation Week. Trata-se de um evento com demonstrações de novas tecnologias e também exibição de alguns modelos prometidos para o mercado nos próximos anos.
Entre os modelos confirmados estão o novo sedã médio Sentra e o face-lift do Leaf, que entra na segunda fase dessa segunda geração, mas só passou por pequenas modificações estéticas, como a introdução de painéis em material preto brilhante na frente e traseira e rodas com novo desenho. Já o Sentra voltará a ser importado do México no primeiro semestre de 2023 com o visual mostrado no final de 2019 nos Estados Unidos. Provavelmente chega com o motor 2.0 de quatro cilindro e injeção direta de combustível, com 150 cv e 20,2 kgfm.
Outra novidade anunciada é o novo motor híbrido da marca, e-power. O propulsor, desenvolvido juntamente com a Renault e a Mercedes, foi confirmado para a América do Sul em 2023, mas não especificamente para o Brasil. Ele pode chegar a bordo da nova geração do SUV médio X-Trail, que deve ser lançado no Brasil em 2024.
O e-power é um sistema em que o motor endotérmico funciona apenas para carregar as baterias, que por sua vez alimentam o motor elétrico conectado às rodas motrizes. Dessa forma, o modelo ganha uma enorme autonomia, acima de 1000 km, e pode ter um rendimento acima de 20 km/l.
Entre as tecnologias para o futuro, algumas delas chamaram a atenção. Caso do sistema que estimula o cérebro do piloto para aumentar o controle do automóvel. O programa, chamado de Brain to Performance, tem foco na preparação e desenvolvimento das funções cerebrais dos pilotos de Fórmula E da Nissan, que terá uma prova disputada no Brasil em 2023. Os pilotos que receberam estimulação cerebral memorizaram um novo circuito e melhoraram o controle do veículo 50% mais rápido em comparação com o grupo sem o estímulo.
Outro desenvolvimento interessante é o de célula de combustível de óxido sólido, ou SOFC na sigla em inglês. Na tecnologia de célula, o motor é alimentado por hidrogênio. No Brasil, o projeto é conduzido pelo chefe de engenharia na América do Sul, Ricardo Abe, e a novidade aqui é que o sistema gera o hidrogênio a partir de biocombustível – no caso, etanol combinado com água – que passa por uma unidade de reformação. A reação entre o hidrogênio e o oxigênio captado do ar gera eletricidade que alimenta a bateria do carro.
Nos primeiros protótipos, de 2016, 30 litros de etanol permitiram rodar 600 km. O mais importante, segundo Abe, é a taxa de conversão da energia contida no etanol em energia cinética, por volta de 60%. Nos motores a explosão mais eficientes, esta taxa chega no máximo a 30% do potencial de energia do combustível. Atualmente, o projeto vem sendo desenvolvido dentro da USP conjuntamente com Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. (Texto de Eduardo Rocha, Auto Press. fotos de divulgação).