Off-road além do limite
RAM 1500 TRX é a picape mais potente já feita em série e faz valer seus 711 cv
A RAM 1500 TRX é descendente da emblemática Dodge RAM SR-T 10, fabricada entre 2004 e 2008, uma picape que trazia sob o capô o motor V10 usado no superesportivo Dodge Viper. Hoje, o Viper ficou no passado e a linha RAM virou marca independente em 2009. A TRX trafega na mesma trilha da Ford F150 Raptor, de picapes possantes e de grande capacidade off-road. A próprio nome faz uma referência direta: enquanto o modelo da Ford foi batizado com inspiração no rápido e mortal dinossauro velociraptor, a picape da RAM adotou de uma sigla que representa o Tiranossauro Rex, o mais poderoso predador do período Cretáceo. Sob o capô, o Raptor vira presa fácil com seu motor 3.5 V6 EcoBoost Turbo de 405 cv diante do 6.2 V8 Hemi Supercharged de 711 cv do TRX.
O poderio da TRX começa a ser expressado nas dimensões. A picape é enorme, com altura e largura 20 cm maiores que na RAM 1500 normal. A distância livre para o solo chega a 30 cm. No total, o modelo tem 5,92 metros de comprimento com 2,06 m de largura e 2,24 m de altura, com 3,69 m de entre-eixos. A picape pesa 2.880 kg, mas tem A capacidade de carga é limitada a 594 kg, a de reboque a 3.674 kg, mas a picape pesa rotundos 2.880. Mesmo assim, é capaz de acelerar de zero a 100 km/h em 4,5 segundos, com máxima limitada a 180 km/h.
O enorme motor V8 Hemi aqui é aumentado de 5.7 litros, como na 1500 Rebel trazida para o Brasil, para 6.2 litros e ele ainda recebe um gigantesco compressor mecânico. esse processo eleva a potência de 400 para 711 cv e o torque vai de 56,8 para 90,0 kgfm. A transmissão automática de oito velocidade também é muito robusta e a TRX é a primeira RAM com paddle shifters ao volante. É verdade que este recurso é muito pouco usado, mas é no caso de um veículo tão agressivo quando esta picape, facilita explorar a esportividade– nesse caso, os limites do condutor chegam antes dos limites do modelo.
A suspensão é um capítulo à parte. A começar pelo curso da suspensão, que chega a 330 mm na frente e 354 mm na traseira. O sistema de amortecimento é o Bilstein Black Hawk e cada amortecedor tem um tanque de nitrogênio externo também semelhante aos usados em competições off-road. Os freios também são “ad hoc”, de competição e traz discos ventilados de 378 mm com cálipers de dois pistões no eixo dianteiro e discos sólidos de 375 mm com pinças de um pistão no eixo traseiro.
Toda a brutalidade do exterior vira do avesso no interior, que traz bons acabamentos e uma ótima habitabilidade, em dimensões generosas. Na primeira fila, há assentos grandes e confortáveis com todas as configurações elétricas. Tanto os assentos dianteiros quanto os traseiros têm as funções de ventilação e aquecimento. O revestimento é em couro e Alcântara. Os materiais usados na cabine são de muito boa qualidade e as guarnições podem opcionalmente ser em fibra de carbono.
A central multimídia é bem completa e é preciso algum tempo para se familiarizar com todas as funções disponíveis. A enorme tela central é vertical de 12 polegadas, como um tablet grande. Praticamente tudo que é eletrônico no ” veículo é controlado e governado pelo sistema Uconnect 4C, altamente intuitivo. Ele é compatível com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto e traz o recurso Off-Road Pages. O sistema de áudio é assinado por Harman Kardon e 900 watts de potência com 19 alto-falantes, incluindo o subwoofer (por Alexander Konstantonis, do Autocosmos.com, México. Exclusivo no Brasil para Auto Press).
Impressões ao dirigir
A dona da rua
A primeira experiência ao volante da TRX é visual. Afinal, é veículo imponente, de enormes dimensões. Apesar disso, o gigantismo não causa maiores problemas na hora de encontrar a melhor posição de conduzir. Há uma grande diversidade de configurações, como as regulagens do banco em todos os eixos, altura e profundidade do volante e até a altura dos pedais. Os enormes retrovisores externos permitem que todos os pontos importantes sejam vistos.
Ao pressionar o botão de partida, o V8 HEMI ganha vida com um forte tremor e o ronco profundo que sai dos escapamentos antecipa o que este propulsor é capaz de fazer. O painel de instrumentos é iluminado, a tela central é ligada e o HUD (head up display) começa a exibir as informações de acordo com o modo de condução escolhida.
No trânsito denso, a TRX se comporta muito bem, apesar de suas dimensões. Praticamente não é dispensável usar o acelerador para avançar lentamente, pois a marcha fica entre 8 e 10 km/h quando se alivia o freio. Nas mudanças de faixa, os demais veículos se comportam com se imbuídos de uma infinita gentileza para permitir os movimentos deste verdadeiro Leviatã. No tráfego intenso, a TRX se torna um fenômeno, a quem todo mundo presta homenagem e reverência.
A TRX é menos sedenta do que seu tamanho parece indicar, desde que se pratique velocidades de cruzeiro civilizadas, entre 110 ou 120 km/h, quando o tacômetro fica em torno de 2 mil rpm. Mas é preciso força de vontade para resistir ao canto de sereia do propulsor V8 Hemi. O modelo traz diversos modos de condução: Esporte, Neve, Lama/Areia, Rocha e Baja, uma referência à famosa competição mexicana de cross country Baja Califórnia e é indicado para off-road extremo.
A entrega de torque entre os eixos muda de proporção entre os eixos – vai de 30/70 no modo Esporte até 50/50 no modo Rocha, sempre ajustando também a suspensão, o motor, a direção e o câmbio. No modo Baja, por exemplo, a tração é otimizada, em estradas com pouca aderência e a suspensão funciona 68% mais rápida que uma comum – função do sistema Bilstein Black Hawk.
Depois de dirigir algumas centenas de quilômetros em condições urbanas e rodoviárias., a TRX foi levada para a avaliação em uma pista off-road. Ela foi submetida a alguns trechos completamente alagados, com lama com mais de 30 cm de profundidade e boa parte do traçado estava muito acidentado, com grande irregularidade e alguns saltos – situações que dificilmente um real proprietário do modelo vai encarar. A picape da RAM ultrapassou todos os obstáculos como se fizesse um passeio no parque, com total controle sobre velocidade e a potência direcionada aos eixos. A TRX mostrou, sem sombra de dúvidas, que é uma força da natureza.