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Toyota SW4: o preço da tecnologia

Sintonia tecnológica

Toyota SW4 SRX ganha mais recursos de condução autônoma, mas não alivia no preço

                Nos dias de hoje, mesmo um SUV raiz como o Toyota SW4 precisa se atualizar com uma frequência cada vez mais intensa. O modelo recebeu no final de 2020, como linha 2021, um face-lift clássico, que mudou basicamente conjuntos óticos e para-choques na frente e na traseira, além da grade. A atualização atingiu ainda o interior e o motor, que teve potência e o torque substancialmente aumentados. Por fim, a partir da versão SRX, o utilitário esportivo passou a contar com o pacote Toyota Safety Sense, com controle de cruzeiro adaptativo, alerta de manutenção de faixa com condução assistida, alerta de colisão frontal com frenagem automática de emergência.

                Não chegou a se passar um ano completo até que a versão recebesse novos recursos, já para o modelo a 2022, como sensor de ponto cego, câmera 360º, alerta de tráfego traseiro e um radar para o alerta de colisão com capacidade de detectar também pedestres e ciclistas. Essa complementação de sistema de segurança foi implementada na esteira da chega da versão Diamond, que rebaixou a SRX à condição de configuração intermediária, apesar do preço nada modesto, de R$ 390.790 (a Diamond tem preço ainda mais indecente, de R$ 424.290).

                A versão SRX passou a contar com alguns recursos de conforto que, na verdade, estavam injustificadamente ausentes em um modelo tão caro. Caso do ar-condicionado de duas zonas. Por dentro, o modelo tem acabamento em madeira escura e revestimento em couro sintético até no console frontal e painéis das portas, com direito a costura pespontada em branco. Estes elementos, juntamente com itens como bancos dianteiros ventilados e tampa do porta-malas, elétrica até emprestam algum requinte ao SW4, mas não camuflam totalmente a essência utilitário do modelo, derivado da picape Hilux. A lista de equipamento é bem completa. De relevante, se destacam faróis, luzes diurnas e lanternas em led, multimídia com tela “touch” de 8 polegadas TV digital e espelhamento por cabo com Android Auto e Apple CarPlay, áudio JBL com subwoofer e painel de instrumentos com tela de 4,2 polegadas em TFT.

                Sob o capô, tudo igual. O motor diesel tem turbo de geometria variável é capaz de gerar 204 cv e 50,9 kgfm. A força é transferida no modo 4X2 para as rodas traseiras, mas a transmissão tem opções de 4X4 e 4X4 com reduzida, com bloqueio do diferencial traseiro. O câmbio, sempre automático na versão, tem seis marchas sequenciais.

                Atualmente, o SUV tem apenas dois competidores diretos no segmento de SUVs baseados em picapes médias: Chevrolet Trailblazer e Mitsubishi Pajero Sport, ambos cerca de 10% mais baratos que o modelo da Toyota, com preços por volta de R$ 360 mil. Ainda assim, o SW4 é predominante nas vendas, emplacando três em cada quatro unidades do segmento, com 1.100 vendas por mês em média. A previsão é que o atual SW4 ganhe uma nova geração já a partir de 2023. O futuro SW4 deve utilizar a plataforma modular TNGA-F, para carroceria sobre chassi em longarina e um motor turbodiesel mild hybrid de 48V (Texto e Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 2.8 litros turbodiesel do SW4 se entende bem com o câmbio automático de seis marchas. As acelerações são progressivas ou vigorosas, seguindo as instruções no pedal do acelerador. As relações, porém, são curtas para privilegiar a força e o ganho de velocidade não é tão forte quanto fariam supor seus 204 cv e 50,9 kgfm. O acoplamento elétrico da tração 4X4 é rápido e dá grande mobilidade ao SUV em situações de falta de aderência, mas fica com a direção extremamente pesada. Com a reduzida engatada, ganha força para enfrentar obstáculos mais radicais. Nota 8.

 

Estabilidade – O SW4 se diferencia da picape Hilux pela suspensão traseira fourlink, que proporciona maior suavidade e controle da carroceria, em relação a um sistema com feixe de molas, por exemplo. O conjunto de amortecimento tem um bom curso e consegue amenizar os efeitos de buracos de diversos calibres na vida a bordo. O conjunto mantém o equilíbrio do SUV mesmo em velocidades mais altas e nas curvas apresenta uma rolagem lateral bem reduzida para um veículo com uma arquitetura de cabine sobre chassi em longarina. Nota 9.

Interatividade – O SW4 traz diversos recursos de assistência à condução, ADAS, como controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão etc. Mesmo os sistemas que normalmente são mais invasivos, como centralizador de faixa e frenagem autônoma, operam de forma elegante, sem grande histeria. A central multimídia traz uma tela de tamanho razoável e espelhamento através de Android Auto e Apple CarPlay. A conexão é via cabo, que é mais eficiente, mas menos prática. O volante multifuncional, câmera 360º, sensores traseiros e a transmissão automática facilitam a vida do motorista – principalmente nos grandes centros urbanos. Nota 8.

 

Consumo – O SW4 aparece no Programa de Etiquetagem do InMetro com notas C na categoria e D no geral, com médias de consumo de 9,7 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada. O acerto da Toyota privilegia mais a economia no ambiente urbano que no rodoviário, por conta das relações de marcha muito curtas. Como tem um tanque de 80 litros, a autonomia é invejável, de até 840 km. Nota 6.

Conforto – A Toyota posiciona o SW4 como um carro de luxo, capaz de oferecer espaço interno, tecnologia e suavidade de rodagem. E isso é alcançado para quatro passageiros, ocupando as duas fileiras regulares. Piora um pouco com um terceiro ocupante do banco traseiro e é apenas um quebra-galho nos dois assentos instalados no porta-malas – que reduzem drasticamente a capacidade do bagageiro. Exceto pelo posto central da segunda fileira, os demais lugares têm boa ergonomia. A vida a bordo conta com uma suspensão que filtra de forma eficiente as irregularidades e ainda controla bem a inclinação lateral nas curvas. Os ruídos e vibrações são típicas de um motor diesel de baixa rotação e não chegam a incomodar. Nota 8.

 

Tecnologia – O SW4 dispõe de diversos recursos de condução autônoma, que elevam o patamar do SUV da Toyota. O modelo ainda traz controle de descida, tração 4X4 com reduzida e bloqueio do diferencial, que o credenciam a encarar um off-road. A central multimídia espelha facilmente os celulares, mas a não tem conexão sem fio ou roteador. A estrutura sente um pouco o peso da idade e uma nova geração deve chegar no decorre de 2023. Nota 8.

 

Habitabilidade – Normalmente, este é um dos pontos altos de um SUV. E o SW4 segue este princípio. Há diversos porta-trecos no interior e o acesso é favorecido pelas grandes portas, embora a grande altura do modelo dificulte um pouco a operação, mesmo com a presença do estribo e das alças nas colunas. A espaço para carga é grande, mas é atrapalhado pelos dois assentos adicionais, mesmo quando rebatidos. A altura generosa do habitáculo e a boa postura oferecida pelos bancos ajudam no convívio com o SUV. Nota 9.

Acabamento – O SW4 SRX é das versões mais caprichadas da linha. O revestimento de console frontal, bancos e painéis das portas são em couro sintético e traz ainda guarnições em madeira no console central. O interior ainda combina detalhes em preto brilhante, em prata e cromado. Por fora, a grade tem frisos cromados e acabamento em preto brilhante, barra inferior do para-choque e barras no teto em prata e as maçanetas são também cromadas. A montagem é detalhista e bem cuidada. Nota 9.

 

Design – O SW4 tem linhas modernas e equilibradas. A frente tem elementos bem agudos, para emprestar uma certa agressividade ao modelo, com capô em cunha e faróis afilados. A linha de cintura sinuosa espanta a monotonia comum em SUVs e a traseira traz lanterna horizontais que valorizam a largura do modelo. A largura e altura têm a mesma medida, o que dá um aspecto bem robusto ao conjunto. Nota 8.

Custo/benefício – O SUV da Toyota custo R$ 390.790. Isso é cerca de 10% mais caro que os rivais Chevrolet Trailblazer e Mitsubishi Pajero Sport com equipamentos semelhantes. Ainda assim, o modelo responde por 75% do segmento de utilitários esportivos estruturados em picapes. A diferença de preço se justifica pela boa fama do modelo, que tem tradição de durabilidade, de robustez e de frequentar pouco as oficinas. Nota 6.

 

Total – O Toyota SW4 SRX 2.8 turbodiesel 4X4 Automático somou 79 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Charme rústico

                Apesar de não ser considerado um modelo de luxo, o SW4 está recheado de conforto e requinte. De cara, oferece diversos ajustes para o motorista se acomodar, com bancos elétricos com ventilação e volante com regulagem de altura e profundidade. O revestimento em couro sintético, entre outros detalhes, denuncia que não se trata de um SUV realmente de luxo – incluindo uma certa falta de refinamento na decoração interna. Mas, por outro lado, não há nenhuma ausência gritante. Um ponto que incomoda é a forma meio tosca de recolher e acessar os bancos da terceira fileira – eles têm de ser dobrados e rebatidos e ainda ocupam um lugar considerável do porta-malas. Em um carro de quase R$ 400 mil, era de se esperar um sistema mais amigável e elegante.

                Dinamicamente, o SW4 tem um comportamento mais próximo à de uma picape do que de um automóvel de passeio. A direção é imprecisa e pouco comunicativa e as reações do motor são bruscas. A suspensão, por outro lado, consegue equilibrar bem a carroceria, principalmente no asfalto. Mas embora o sistema multilink na traseira permita que o carro amenize as irregularidades mais leves, sofre ao enfrentar trechos mais acidentados, como em estradas de terra. Em situações de menor aderência, o peso excessivamente concentrado no eixo dianteiro obriga o engate da tração 4X4 para subir uma simples rampa. Nesse modo, a direção fica ainda mais pesada, mas o SW4 parece ser capaz de escalar paredes. O torque de 50,9 kgfm é impressionante.

                De qualquer forma, é um SUV de mais de 2 toneladas. Isso significa que, mesmo com 204 cv, não há qualquer possibilidade de extrair do modelo um comportamento mais agressivo sem riscos. Não à toa, a máxima é limitada a 180 km/h – velocidade que já extrapola o bom senso. Por outro lado, além dos diversos sistemas de assistência à condução – alguns irritantes, como o nervoso alerta de colisão e o intervencionista sistema de centralização na faixa ‑, o SW4 oferece um grande conforto de rodagem, um isolamento acústico eficiente e um espaço interno privilegiado, em especial para os cinco passageiros regulamentares – os dois lugares adicionais são mais indicados para crianças.

Toyota SW4 GR-S Gazoo Racing

Ficha técnica

Toyota SW4 SRX turbodiesel 4X4 automática

Motor: Diesel, dianteiro, longitudinal, 2.755 cm³, sobrealimentado por turbo com intercooler, com quatro cilindros em linha e 16 válvulas e injeção direta de combustível.

Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré, com paddle shifts no volante. Tração 4X2 com 4X4 e 4X4 com reduzida, controlada por seletor eletrônico giratório. Possui controle eletrônico de tração com bloqueio do diferencial.

Capacidades off-road: 27,9 cm de altura livre do solo, 29º de ângulo de ataque e 25º de ângulo de saída.

Potência máxima: 204 cv a 3.400 rpm.

Torque máximo: 50,9 kgfm a 2.800.

Diâmetro e curso: 92 mm X 103,6 mm. Taxa de compressão: 15,6:1

Aceleração 0-100 km/h: 11,8 segundos.

Velocidade máxima: 180 km/h.

Suspensão: Dianteira independente com braços duplos triangulares, molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseiro com quatro braços (fourlink) e molas helicoidais. Oferece controle de estabilidade.

Pneus: 265/60 A/T R18.

Freios: Dianteiros e traseiro por discos ventilados. ABS com EBD de série, controle de descida.

Carroceria: Utilitário esportivo montada sobre longarinas com quatro portas e sete lugares. 4,80 metros de comprimento, 1,86 m de largura, 1,84 m de altura e 2,75 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cabeça de série.

Peso: 2.180 kg.

Capacidade do porta-malas: 180 litros com sete lugares e 500 litros com os assentos da terceira fileira rebatidos.

Tanque de combustível: 80 litros.

Produção: Zárate, Argentina.

Lançamento da geração no Brasil: fevereiro de 2016.

Atualização: novembro de 2020.

Preço: R$ 390.790.