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Argo Trekking é o Adventure da nova geração da Fiat

Trekking 1.3 engrossa as vendas do Argo como aventureiro da Fiat enquanto o Pulse não vem

A Fiat foi a primeira montadora no Brasil a explorar o filão de modelos aventureiros, ainda no século passado, e vai ser a última a ter seu próprio SUV. O Fiat Pulse já tem imagem, conteúdos e nome conhecidos, mas só chega ao mercado em setembro. Nesse meio tempo, no entanto, a marca não abandonou segmento. A linha Adventure foi aposentada e foi substituída pelas Trekking – primeiro no Argo e mais recentemente no pequeno Mobi. E todos estes movimentos vêm dando resultado para a fabricante italiana. A ponto de, desde janeiro deste ano, ter reassumido a liderança do mercado brasileiro – no que o bom gerenciamento de fornecimento de componentes contribuiu bastante.

Mais que isso: desde maio, o Argo foi alçado à liderança do ranking de automóveis de passeio, com volumes acima de 9 mil unidades mensais. Isso se deve à soma do bom desempenho das diversas configurações do modelo, em uma gama que tem preços de R$ 63 mil a mais de R$ 90 mil. Bem no meio do caminho, a partir de R$ 75 mil, está o Argo Trekking 1.3, que responde por um em cada quatro unidades vendidas e tem sido fundamental na construção do atual posicionamento no ranking.

O Argo Trekking segue os parâmetros costumeiros para modelos com pegada aventureira. A suspensão é elevada e os pneus de uso misto têm um flanco mais alto, de 12,3 cm, o que resulta numa elevação e 4 cm no vão livre para o solo. No visual, dão uma certa jovialidade ao modelo os adesivos no capô, na base das portas e na tampa traseira, que adotaram na linha 2021 um desenho tribal em branco sobre um fundo em preto fosco e com a palavra “Trekking” destacada em branco e laranja na borda. Os emblemas de identificação da marca e modelo também são em preto fosco. Outros detalhes, sempre em preto, identificam a versão, como teto, barras no teto, capa dos retrovisores, aerofólio, molduras das caixas de roda, saias laterais, parte inferior do para-choque traseiro e escape, que tem o mesmo formato de trapézio da versão HGT.

No interior, os “toques de juventude” aparecem nas costuras em laranja dos bancos, que recebem sempre tecidos quadriculados em cores escuras – opcionalmente podem ser em couro ‑ com o logotipo “Trekking” bordado no encosto. A guarnição na parte central do painel e a moldura do console central recebem uma pintura em cinza grafite metálico, enquanto os demais revestimentos são em preto e há molduras cromadas nas saídas de ar, comandos do ar-condicionado e na tela no console frontal.

Em relação ao conteúdo, o modelo traz uma central multimídia Uconnect tem tela “touch” de sete polegadas, conectividade com aplicativos Apple CarPlay e Android Auto sem cabo, com sistema de reconhecimento de voz. Tem ainda direção elétrica, retrovisores elétricos, faróis de neblina, sensor de obstáculos traseiro, volante multifuncional, computador de bordo e assinatura em led na dianteira. Em relação à versão Drive 1.3, a Trekking acrescenta controle de tração e estabilidade e assistente de partida em rampa. O modelo de avaliação trazia rodas de liga leve em cinza grafite – no lugar das de aço de série ‑, câmera de ré, ar-condicionado automático e chave presencial para traves e ignição, integrantes do pacote chamado Kit Trekking Full, que normalmente traria também revestimento em couro sintético nos bancos, item ausente no modelo testado. Este pacote acrescenta R$ 6.890 ao preço – totalizando R$ 83.030.

Sob o capô, o modelo traz o motor Firefly 1.33 litro, com quatro cilindros em linha e cabeçote, com 101/109 cv de potência e 13,7/14,2 kgfm de torque com gasolina/etanol no tanque. Este propulsor tem eixo de comando único com um variador contínuo do tempo de abertura de válvulas. Com isso, o motor com apenas duas válvulas por cilindro acaba tendo um comportamento semelhante ao de um motor multiválvulas. Esta configuração reduz o número de peças internas e reduz o atrito – mesma função dos balancins roletados. Em 2022, na linha 2023, o modelo deve receber o novo motor 1.0 Turbo, de três cilindros, da mesma família Firefly, com potência e torque estimados em 125 cv e 21 kgfm, o que certamente vai impulsionar ainda mais as vendas do modelo. (Texto e fotos de Eduardo Rocha/Auto Press)

 

Ponto a ponto

 

Desempenho – O motor Firefly 1.3, com 101/109 cv e 14,2 kgfm, consegue animar o Fiat Argo Trekking, mas não entusiasma. Arrancadas, retomadas e ultrapassagens são feitas de forma correta, mas há uma certa lentidão da subida de giros. O escalonamento do câmbio manual de cinco velocidades também induz uma condução sem maiores arroubos, mas não há sensação de falta de potência, mesmo em giros mais baixos. Nota 6.

Estabilidade – A suspensão, mesmo elevada, mantém um bom controle sobre as rolagens da carroceria nas curvas, mas não o Argo Trekking não é tão neutro nem tem a direção tão precisa quanto as versões mais rebaixadas. Por outro lado, os pneus de uso misto encaram melhor as irregularidades do piso e sofrem menos alterações de trajetória que os pneus para asfalto. Nota 7.

 

Interatividade – A conexão com smartphones sem o uso de cabos torna o uso dos recursos da central multimídia muito prático. Basta acionar a ignição, mesmo com o celular no bolso ou bolsa, que já surge na tela o mapa do navegador, por exemplo. A tela “touch” de 7 polegadas elevada oferece boa visibilidade e facilidade de manuseio. As demais funções se oferecem através controles bem clássicos e não é necessário aprender os comandos para acionar os recursos. O volante multifuncional só tem botões do lado esquerdo, com botões para navegar no computador de bordo e nos comandos de voz e telefonia – o lado direito está reservado para modelos com controle de cruzeiro. Na parte de trás do volante há controles para o volume e sintonia. Nota 9.

Consumo – De acordo com o Inmetro, o Fiat Argo 1.3 registra médias de 8,5/10 km/l com etanol e 12,2/14,1 km/l com gasolina, na cidade/estrada. Este consumo rende notas B na categoria e no geral. Não é especialmente econômico, mas encara bem os rivais com motor aspirado. Nota 8.

 

Conforto – A suspensão elevada e os pneus com flancos altos ajudam a filtrar as irregularidades, o que resulta em um conforto de rodagem maior. Os bancos têm boa ergonomia, com bom apoio lateral. A insonorização da cabine podia ser melhor, principalmente por conta do trânsito urbano. Nas estradas, não há ruídos aerodinâmicos que incomodem, mas o som do motor invade a cabine, mas não a ponto de atrapalhar uma conversa. Nota 8.

Tecnologia – O Argo tem uma arquitetura montada a partir do Punto nacional, mas com um projeto que incluiu mais aços especiais, plataforma eletrônica e recursos mais atualizados. A versão agora conta também com auxílios dinâmicos como controle de tração e estabilidade, o que deixou o carro mais completo, mas faltam airbags laterais e de cabeça. A conectividade da central Uconnect é das mais práticas do segmento, com espelhamento de smartphones sem fio. O motor, apesar de aspirado, é moderno e tem um bom nível de eficiência. Nota 7.

 

Habitabilidade – O Argo oferece uma área da cabine muito boa, com bom espaço na frente e para pernas e cabeça atrás. O acesso, principalmente no banco traseiro, exige atenção pelo pequeno vão livre deixado pela porta. O porta-malas comporta 300 litros, bom para o segmento. Nota 8.

Acabamento – A Fiat não usa materiais exatamente requintados, mas consegue criar texturas e padrões agradáveis, que imprimem uma percepção de qualidade para quem olha. A Trekking é uma versão intermediária, mas tem acabamento comparável às versões de topo da maior parte dos rivais diretos. A estética aventureira é introduzida no habitáculo de forma discreta, sem espalhafato. Nota 8.

 

Design – A versão Trekking trouxe como novidade apenas um novo grafismo para os adesivos referentes à versão, que são de bom gosto e até elegante diante da proposta do modelo. No mais, as linhas do hatch são agradáveis, com linhas orgânicas e suaves, com bom equilíbrio e personalidade. Na versão, há muitos detalhes em preto fosco, que não aparecem tanto na cor da unidade de teste, cinza escuro metálico, indicado para quem prefere um carro mais discreto, mas pode ficar bem mais eloquente em carrocerias com cores mais contrastantes. No caso da unidade de teste, o carro trazia como opcionais rodas de liga leve, que melhoram o visual. Nota 9.

Custo/benefício – Os rivais diretos do Fiat Argo Trekking 1.3 são o Hyundai HB20X e o Renault Stepway, versão aventureira do Sandero. O HB20X que tem preço inicial semelhante na versão manual, conteúdo parecido e um motor 1.6 mais potente. Já o Stepway é mais quase R$ 9 mil mais caro, tem motor também mais potente e conteúdo um pouco mais completo. Ou seja: os três se equivalem e se monitoram. Nota 7.

 

Total – O Fiat Argo Trekking somou 77 pontos em 100 possíveis.

 

Impressões ao dirigir

Novas aspirações

             Com a popularização dos motores, o conceito de desempenho vem rapidamente sendo modificado. Está sendo quase uma revolução, que mudou rapidamente o nível de exigência dos consumidores, especialmente dos que experimentaram carros com motor turbo. Isso porque o torque máximo em baixos giros oferece uma condução mais prazerosa, com a sensação de motor cheio o tempo todo. Uma nova revolução está sendo montada para breve e virá a bordo de carros elétricos, que disponibilizam o torque máximo em tempo integral. Por isso, motores aspirados, como os do Fiat Argo, perderam o poder de atração e oferecem, no máximo, um desempenho racional e eficiente. Na verdade, o nível de potência, de 101/109 cv, é até elogiável para um motor 1.3.

Já em outros quesitos do comportamento dinâmico, o Trekking está bem atualizado. A altura elevada dá segurança para enfrentar a buraqueira, seja na terra ou nas ruas, sem grandes impactos na direção e no conforto dos ocupantes. E o ajuste de suspensão consegue um bom compromisso também em relação à estabilidade. Quando abusado – dentro dos limites da razão –, o Argo até rola um pouco mais que o desejado nas curvas, mas sem colocar em risco o controle de trajetória pelo condutor. O Argo é um carro agradável de conduzir e fácil de se acostumar.

Uma das boas qualidades do modelo está no interior. Tanto os recursos da moderna central multimídia, com espelhamento sem fio, como nos demais comandos, nos lugares tradicionais e corretos, o que facilita a inteiração. O espaço interno é muito bom na frente. Atrás, sofre as limitações normais para modelos do segmento – aceita bem até dois adultos e uma criança, mas é bom mesmo para dois passageiros. O bom nível de acabamento é outro ponto que valoriza a convivência com o Argo e passa a sensação de ser um carro ligeiramente superior aos rivais diretos.

 

Ficha técnica

Fiat Argo Trekking 1.3 Flex

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.332 cm³, quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro. Injeção eletrônica.

Transmissão: Manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração de série.

Potência: 101 cv a 6 mil rpm (gasolina)/ 109 cv a 6.250 rpm (etanol).

Torque: 13,7 kgfm (gasolina)/ 14,2 kgfm (etanol) a 3.500 rpm.

Diâmetro e curso: 70,0 mm X 86,5 mm. Taxa de compressão: 13,2:1.

Aceleração 0-100 km/h: 11,8/10,8 segundos (gasolina/etanol).

Velocidade máxima: 180/184 km/h (gasolina/etanol)

Suspensão: Dianteira do tipo McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais com barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos, telescópicos de duplo efeito e molas helicoidais. Traseira por eixo de torção, amortecedores hidráulicos, telescópicos de duplo efeito e molas helicoidais. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.

Pneus: 205/60 R15.

Freios: Discos sólidos na frente e a tambor atrás. Oferece ABS com EBD e assistente de partida em rampa.

Carroceria: Hatch em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Comprimento de 4,00 metros com 1,72 m de largura, 1,57 m de altura e 2,52 m de entre-eixos. Altura livre para o solo de 21 cm. Possui airbags frontais de série.

Peso: 1.130 kg em ordem de marcha.

Capacidade do porta-malas: 300 litros.

Tanque de combustível: 48 litros.

Lançamento no Brasil: 2017.

Produção: Betim, Minas Gerais.

Preço inicial: R$ 75.190.