Feliz ano velho
O mercado de motos mostra bastante vigor em 2021 e tem tudo para crescer em 2022
O mercado de motocicletas em 2021 recuperou tudo que perdeu em 2020 e ainda deu troco. Em números, o total de 2021, 1,157 milhão emplacamentos, foi 26,4% maior que as 915 mil unidades de 2020 e 7,4% acima das 1,077 milhão de 2019. A pandemia, que em um primeiro momento prejudicou as vendas, acabou aditivando os emplacamentos na sequência por ter se tornado uma alternativa mais racional para evitar as aglomerações do transporte público.
Entre os oito segmentos do mercado de duas rodas, apenas três cresceram mais que a média do mercado: Maxitrails com 52,1%, cujo volume passou de 14,6 mil para 21,6 mil, Trail/Fun com 35,7%, indo de 179 mil para 243 mil exemplares, e o de Naked, que cresceu 31,1%, indo de 27,4 mil para 20,9 mil. O segmento de Scooter/CUB praticamente cresceu junto com o mercado, com 25,2%, indo de 307 mil para 385 mil. Já o segmento de maior volume no mercado, o de City, onde figura o veículo mais vendido do país há décadas, a Honda CG, ficou um pouco abaixo da média, com crescimento de 22,4%, indo de 375 mil para 459 mil.
Dois outros segmentos não foram tão bem. O primeiro é o de Custom, que ainda cresceu 18,5%, indo de 6,5 mil para 7,7 mil unidades, muito por conta do sucesso dos quatro modelos clássicos da Royal Enfield, que responderam por 58,5% das vendas do segmento. O outro é o segmento Sport, com crescimento de 11%, passando de 5,4 mil para 6 mil unidades. Entre todos os segmentos, o único que teve queda absoluta de vendas foi o Touring, que recuou de 1.3 mil para 1 mil exemplares. Não foi mesmo um ano para viajar por aí.
Por conta desse desenho do mercado, as marcas tendem a apostar em modelos trails, maxitrails, clássicos e scooters. A seguir, uma rápida lista dos modelos que devem desembarcar no país em 2022 (por Eduardo Rocha/Auto Press).
O que vem por aí em 2022
Ducati – A principal marca de motocicletas da Itália pode trazer dois novos modelos no segmento de Maxitrail: DesertX e Multistrada V4 S, que devem substituir as atuais Multistrada 950 S e 1260 S. A DesertX usa o mesmo motor da 950 S, um Testastretta de dois cilindros em L a 11º com 937 cm³, refrigeração líquida e comando de válvulas desmodrômico. Aqui ele produz 110 cv com 9,4 kgfm – valores que podem mudar na versão para o Brasil – e a grande diferença para a 950 S é a pegada, mais off-road e agressiva. Já a Multistrada V4 S traria o interessante motor de quatro cilindros em V da Ducati, que já equipa por aqui a Streetfighter, a Panigale e a Superleggera, que têm potências de 2008 cv, 217 cv e 234 cv. Na Itália, o propulsor na Maxitrail rende 170 cv e 12,7 kgfm, o que a tornaria a mais potente do segmento.
Honda – A marca japonesa é uma verdadeira potência no mercado brasileiro. Por isso, é de ser esperar que tenha quase uma dezena de lançamentos. Entre os já confirmados estão as renovadas NC 750X, CB 1000R e XADV.
Além delas, a fabricante deve se arriscar com a sport touring NT 1100, uma versão mais vestida e estradeira da CRF 1100 Africa Twin, com quem vai partilhar chassi, motor e também os câmbios, tanto o manual quanto o DCT.
Já entre as maxiscooters, a Honda deve fazer uma mudança de rumo, já que a SH 300 não teve o desempenho esperado – no ano inteiro, emplacou apenas 410 unidades enquanto a rival Yamaha XMax alcançou um volume de 5,4 mil unidades. Para remediar o fiasco, a escolhida é da Forza 350, modelo que acaba de ganhar uma nova geração na Europa. A scooter é animada por um motor monocilíndrico de 330 cm³, que rende 29,4 cv e 3,25 kgfm. Este mesmo modelo serviria para o futuro lançamento da ADV 350, que chegaria apenas em 2023.
Kawasaki – A fabricante deve aprofundar a aposta em modelos clássicos, por conta do bom desempenho da retrô sport Z900 RS. A ideia ao trazer a Z650 RS é democratizar um pouco o conceito, embora o preço deva ficar em torno de R$ 50 mil. O motor é o mesmo usado na Z650, com 649 cm³ com dois cilindros paralelos e refrigerados a líquido, que rende 68 cv e 6,7 kgfm.
Royal Enfield – A marca indiana conseguiu um impressionante sucesso com o modelo Meteor 350 em 2021 e quer repetir a dose com a Classic 350. Ela divide com a Meteor o motor monocilíndrico de 349 cm³ com injeção eletrônica, que rende 20,2 cv e 2,76 kgfm, gerenciado por a uma transmissão de cinco velocidades, e tem um desenho típico das motos street dos anos 1960 e 1970, com direito a banco individual e muitos cromados.
Suzuki – A própria fabricante já antecipou a chegada da nova V-Strom 650. Ela vira em duas versões – XT e Adventure ‑, que mudam entre si por conta dos acessórios adicionais da Adventure, como bagageiros laterais e traseiro. A nova geração da Maxitrail, que foi a 10ª mais vendida no segmento em 2021, manteve o motor V-Twin, com refrigeração líquida e duplo comando no cabeçote, que rende 71 cv e 6,32 kgfm. O modelo conta ainda com controle de tração, sistema de partida rápida e assistente de baixa rotação. A Suzuki V-Strom 650 vai custar R$ 58.905 na versão XT e R$ 61.905 na Adventure.
Triumph – A marca britânica vai manter a aposta no Brasil no segmento de Maxitrail, com a Tiger 1.200 e com a sport touring de média cilindrada Tiger Sport 660. A ausência da Tiger 1.200 em 2021, que interrompeu as vendas à espera dessa nova geração, é inclusive um dos motivos de a marca não ter ido tão bem no ano passado. Diante de um cenário de crescimento geral de 26,4%, as vendas da Triumph cresceram apenas 3%. A nova Tiger 1.200 chega recheada de tecnologia e com o motor mais potente do segmento, o tricilíndrico de 1.160 cm³ com 150 cv e 13,3 kgfm.
Já a Tiger Sport ganhou uma pegada mais estradeira, com suspensão de longo curso, e o mesmo motor da Trident 660: o tricilíndrico de 660 cm³ com 81 cv e 6,52 kgfm.
Yamaha – A fabricante japonesa tem muitas promessas e poucas confirmações. Exatamente como vem acontecendo nos últimos anos – desde 2019, a ausência da Ténéré T7 no mercado brasileiro tem sido fonte de frustração. Para 2022. a torcida é que alguns dos interessantíssimos modelos da marca na Europa cheguem por aqui – até porque são movimentadas por motores que já animam modelos no Brasil.
A primeira aposta seria a Niken uma sport touring de três rodas que conta com um revolucionário sistema de suspensão dianteira e é animada pelo motor tricilíndrico de 847 cm³, usado na Tracer 9 GT por aqui, onde rende 115 cv e 8,9 kgfm. Outro modelo seria a retrô sport XSR 900, que utiliza a versão modernizada desse motor tricilíndrico, com 890 cm³, 119 cv e 9,5 kgfm.