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O plano Kardian

A Renault aposta alto
Kardian, o novo SUV compacto da Renault, chega para revitalizar a imagem e as vendas da marca
por Eduardo Rocha

Auto Press

A Renault decidiu fazer uma aposta alta no Brasil. Para produzir o novo SUV compacto Kardian, com direito a um trem-de-força inédito, a marca está investindo nada menos que 300 milhões de euros, ou aproximadamente R$ 1,6 bilhão. O Kardian é um SUV de entrada, do segmento B-, que vai brigar diretamente com Fiat Pulse e Volkswagen Nivus. Para isso, conta com um novo motor 1.0 turbo com três cilindros, que rende 125 cv de potência e 22,4 kgfm de torque, gerenciado por uma transmissão de dupla embreagem e seis marchas. O novo SUV começa a sair do Complexo Ayrton Senna, na região metropolitana de Curitiba, a partir de janeiro, para chegar ao mercado brasileiro em março. O modelo também será exportado para toda a América Latina.

A apresentação foi feita no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, com direito à presença do novo CEO da Renault, Fabrice Cambolive. A produção do Kardian é o primeiro movimento de um projeto de 3 bilhões de euros, ou R$ 16 bilhões, para a produção até 2027 de oito modelos baseados na nova plataforma Common Module Family B, ou CMF-B, destinada a produção de modelos em fábricas fora da Europa Ocidental – além do Brasil, inclui Marrocos, Coreia do Sul, Índia e Turquia. Esses dois meses de intervalo entre o início da produção e das vendas são necessários pois todo o ferramental de produção é novo, já que o modelo também será o primeiro a usar a nova plataforma.

O Kardian traz a nova linguagem visual adotada pela Renault na Europa. Seguindo uma tendência que vem ganhando força há uma década, a assinatura luminosa fica acima dos faróis, que por sua vez são instalados nas extremidades do para-choque. A grade toda em preto brilhante (pelo menos da versão Première Edition) traz uma trama montado com pequenos losangos, remetendo à nova logomarca, que está instalada no centro e recorta discretamente o capô, que é completamente liso. Na parte inferior do para-choque fica uma grande entrada de ar em forma de trapézio, com uma barra com pintura de alumínio como spoiler.

Já o perfil é muito semelhante ao do Kwid, com uma linha de janelas alta com uma elevação em curva na parte final da porta traseira. Os para-lamas salientes também lembram os do subcompacto, com a lanterna encaixada na parte mais protuberante, acima da roda traseira. A traseira traz duas lanternas em C que em relevo, com a ponta superior invadindo a tampa traseira, que é bem musculosa. O para-choque é totalmente em preto e também traz uma barra com pintura em alumínio na parte inferior. Em geral, as linhas são refinadas. As dimensões (4,19 metros de comprimento e 1,60 m de altura) e os volumes têm uma proporção agradável e fazem o Kardian parecer menor do que é.

A largura de 1,77 metro, com entre-eixos de 2,60, oferecem bastante espaço para o habitáculo. Na versão exibida, o painel era completamente digital com 7 polegadas e fica nivelado com a tela da central multimídia de 8 polegadas (pequena para os dias atuais). O console central traz no alto entradas de ar, seguidos de botões de trava, alerta e acionamento da câmera, logo abaixo os comandos do ar-condicionado digital e entradas de força e USB. No centro, a pequena alavanca de câmbio, e-shifter, e o freio de estacionamento elétrico.

O volante multifuncional traz os comandos do controle de cruzeiro adaptativo do lado esquerdo e os botões para navegar no computador de bordo e do comando vocal. Atrás, os paddle shifts para o câmbio, o tradicionalíssimo comando satélite para o som e a haste para o limpador do lado direito. Mais atrás, no console frontal, fica o botão de partida. Do lado esquerdo ficam a haste de seta conjugada com os interruptores dos faróis. Os comandos dos vidros e espelhos elétricos ficam nas portas.

No acabamento, há uma boa combinação de materiais, como couro sintético no volante e nos apoios de braço central e nas portas, console frontal com superfícies em couro sintético e guarnições em preto brilhante, além de alguns detalhes em peças com pintura em alumínio. No painel das portas e nas partes baixas do console, porém, há bastante plástico rugoso e opaco, criam uma impressão de despojamento. Já o revestimento do banco, pesponto e detalhes nas portas em laranja tentam rejuvenescer o interior.

O Kardian nasce com um bom arsenal de itens de segurança, inclusive recursos ADAS. Além do controle de cruzeiro adaptativo já citado, ele traz alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência, monitor de ponto cego, assistente de partida em rampa, seis airbags e câmera multivisão, com quatro enfoques: frontal, laterais e traseira.

Dos oito modelos prometidos na nova plataforma CMF-B, apenas o Kardian é do segmento B – três serão do segmento C, dois do segmento D e dois serão comerciais leves, incluindo aí uma nova picape média-compacta para substituir a Oroch, baseada no conceito Niagara, exibida na apresentação, que deve ser o segundo modelo produzido no Brasil com esta plataforma, com previsão para chegar ao mercado em 2025 (Texto de Eduardo Rocha, Auto Press,  fotos de Eduardo Rocha e divulgação).

 

Como anda o Duster 1.3 Turbo

O Megane é Tech

Questões de imagem

A ideia da Renault é mudar a imagem da marca no Brasil, desgastada ao longo dos últimos 15 anos, desde que foi lançada a primeira geração do Sandero. Em 2007, para buscar aumentar o volume de vendas, a fabricante francesa decidiu recorrer aos produtos da Dacia, marca romena de baixo custo do Grupo. Com o recente lançamento do Megane E-tech por aqui, um sofisticado crossover 100% elétrico, a Renault tenta retrabalhar a percepção do consumidor em relação a seus produtos. O Kardian segue este mesmo plano e traz no visual diversos elementos de identificação com o Megane.

A Renault pretende iniciar as vendas já com uma boa reserva de unidades, pois acredita que o Kardian vai ter uma boa manda e pretende fazer uma oferta de lançamento atraente, para impulsionar as vendas. Embora o preço não tenha sido divulgado, a ideia é que, pelo menos na versão de lançamento Première Edition, o Kardian fique um pouco abaixo dos R$ 130 mil praticados pelos rivais diretos com o mesmo nível de equipamentos.

Atualmente, a capacidade da fábrica no Paraná é de 320 mil unidades por ano (380 mil em três turnos) e os executivos garantem que não há nenhum limite palpável para a de produção do Kardian. Tanto que, para abrir espaço disponível na linha de produção brasileiro, a fabricação do Stepway foi interrompida há um ano e toda a produção foi migrada para a Argentina. Atualmente, a Renault está com um mercado no Brasil em torno de 120 mil unidades por ano, sendo que 68% dessas vendas estão concentradas nos modelos Kwid, com 50%, e Duster, com 18%.