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Gladiator vem com tudo

Picape raiz

Jeep vai lançar na primeira semana de agosto a picape Gladiator, uma cabine dupla com capacidade de um verdadeiro off-road

A Jeep está numa fase realmente frutífera no país. E tem obtido sucesso em todos os modelos lançado no país com a marca estadunidense. Faltava, portanto, um bom motivo para ficar de fora do segmento de picapes, o que mais cresceu depois dos SUVs e que já representa um em cada seis veículos vendidos no país. Isso explica o anúncio da chegada da Gladiator, uma picape média que compartilha a mesma estrutura do Wrangler – e também o sucesso das Fiat Strada e Toro e das RAM 1500, 2500 e 3.500 – marcas controladas pelo conglomerado de fabricantes Stellantis. A picape da Jeep terá seu lançamento oficial no próximo dia 4 de agosto

Apesar do parentesco direto com o Wrangler, ele não está disponível com o motor 2.0 turbo a gasolina de 275 cv e 40,7 kgfm que o SUV utiliza por aqui. Por isso, no Brasil o modelo deve ser trazido com o motor EcoDiesel 3.0, o mesmo que equipa o Grand Cherokee por aqui. Ele trabalha com um câmbio TorqueFlite de oito velocidades configurado para baixas rotações e rende 241 cv de potência com torque de 56 kgfm. A opção improvável seria o motor Pentastar V6 de 3.6 litros. Além de não render tanto – gera 289 cv e 39,4 kgfm, próximo ao 2.0 turbo –, é um bocado beberrão.

A história da Jeep está cheia de picapes. No Brasil, a Ford F75, “rebadge” da velha Willys Pick-up Jeep, é um bom exemplo disso. Após vários anos de ausência no segmento, a marca decidiu voltar a se aventurar com o retorno de um velho conhecido, Gladiator, uma pick-up que foi produzida entre 1962 e 1971 e que até hoje a que mais tempo durou em produção. Na sequência, a Jeep lançou uma picape na Série J, baseada no SUV Wagoneer. O último modelo da marca foi a picape Comanche, baseada no SUV Cherokee, que saiu de linha em 1982. A Jeep abandonou o segmento por exatamente 27 anos e voltou em 2019 com a Gladiator, agora baseada no Jeep Wrangler quatro portas, que já é importado para o Brasil.

A Gladiador poderia ser definida como a versão picape do Wrangler Rubicon, mas vai além disso. Para começar, traz mudanças estéticas que, embora não tão perceptíveis, ajudam a melhorar seu desempenho. Em primeiro lugar, há a grade de sete aberturas, que ficaram maiores para melhorar o resfriamento do motor em baixas velocidades. Depois, a distância entre-eixos da Gladiador é 49 cm maior que a do Wrangler, devido à inclusão da caçamba, que mede 1,5 metro de comprimento – um tamanho adequado para o transporte de acessórios de acampamento, caiaques, motos e bagagens, por exemplo.

A Gladiador é pensada para a diversão e a única coisa pesada que ela enfrenta é uma trilha. A capacidade de carga é de apenas 720 kg – com cinco pessoas, metade dessa carga já é utilizada. Nos Estados Unidos, ela conta com um opcional de capota marítima para proteger a bagagem com mecanismo elétrico de enrolamento – como na Ford Ranger Black. A capacidade de reboque é de nada menos que 3.470 kg. A carroceria da Gladiador permite que as portas e o teto rígido sejam removidos e o para-brisa rebatido com facilidade.

No interior, a Gladiator mantém o estilo do Wrangler, que combina boa qualidade de materiais e de montagem, boa distribuição de controles e botões, além de um interior agradável, apesar de manter um aspecto rústico. A central multimídia da picape é da 4ª geração do Uconnect, compatível com Apple CarPlay e Android Auto, e pode ser operado usando a tela de toque de 8,4 polegadas.

Na parte de segurança, o modelo é também bem completo. Possui airbags dianteiros e laterais, câmera frontal para manobras off-road, câmera traseira de estacionamento, controle de cruzeiro adaptativo, freios a disco com sistema ABS, sensor de ponto cego, alerta de tráfego cruzado, sensores de estacionamento, sensores de estacionamento, assistência de freio, controle de tração e estabilidade, controle de estabilidade do reboque e assistente de partida em subida. O modelo na versão Rubicon, com os opcionais como sistema de som, pintura dos para-lamas, capota rígida removível e de lona, caçamba revestida, entre outros, fica nos Estados Unidos perto de US$ 55 mil, ou cerca de R$ 330 mil. A título de comparação, o Wrangler Rubicon que está sendo trazido para o Brasil custa nos Estados Unidos US$ 48.500, é vendido no Brasil por cerca de R$ 460 mil. Mantida a proporção, a Gladiator chegaria por um valor perto de R$ 520 mil. (Avaliação de Astrid Zapata, do Autocosmos/México, exclusivo no Brasil para Auto Press).

 

Publicado originalmente em 16 de maio de 2022.

 

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Impressões ao dirigir

Prova de campo

A Gladiator encarou na avaliação uma pista construída especialmente para off-road, o Off Road Park, próximo à Cidade do México. O circuito começou com uma descida simples de encosta, onde a picape se mostrou bastante ágil, apesar de seus 5,54 metros de comprimento. O sistema de controle passou uma grande sensação de segurança, ao descer com suavidade, apesar do ângulo de inclinação de 60º. Mesmo considerando o ângulo de saída mais limitado que a do Wrangler – 26º contra 32º ‑ devido as suas dimensões. E como a distância entre eixos é muito maior, deve-se maneira mais suave possível para evitar maus-tratos ou arranhões do para-choque traseiro.

Na sequência, a Gladiator encarou uma rampa com inclinação de 45º, onde entrou em ação o assistente de partida em subidas, junto com o sistema de 4X4 reduzida e aceleração constante. A picape subiu sem fazer grande esforço – é bem verdade que a caçamba estava vazia, o que facilitou a façanha. O próximo teste foi um trecho com inclinação lateral de 40º, também cumprido sem qualquer dificuldade.

Chegamos à área das erosões, onde o mais importante é não cair nas valas. Os pneus sempre devem passar pelas áreas mais altas das rachaduras para evitar arrastar o fundo ou ancorar em algum ressalto. Aqui é feito o teste de curso da suspensão e do sistema 4X4, pois é preciso tração em cada roda para não escorregar. Outro recurso indicado é o bloqueio do diferencial traseiro, para que haja transferência por igual entre as rodas.

Por fim, chega a hora de imergir a Gladiator. O limite da picape é de 80 cm de profundidade, o que significa que a linha d’água pode ficar na altura dos faróis. Esta profundidade não é determinada apenas pela tomada de ar do motor – que na Gladiator é pouco abaixo do capô –, mas também por conta dos vários componentes eletrônicos que os motores mais modernos têm e não são normalmente vedados.