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Chevrolet Bolt entra em um novo tempo

        O Chevrolet Bolt EUV oferece grande autonomia, praticidade de um SUV e desempenho de um esportivo

Há pelo menos uma dúzia de carros 100% elétricos disponíveis no mercado. Boa parte deles é de marcas de luxo, mas todos, sem exceção, têm preços extravagantes em relação ao que oferecem na prática. E vão desde um pequeno hatch de origem chinesa e vão até modelos luxuosos de marcas alemãs, que cada vez mais têm opções elétricas. A Chevrolet tem trabalhado o conceito elétrico desde os anos 1990, quando lançou o EV-1, tem dado passos firmes na eletrificação automotiva e hoje já tem grandes planos para eletrificar grande parte de seu portfólio em quase todos os segmentos e promete ter 30 veículos elétricos até 2025. Atualmente, a marca oferece o Bolt EV, que na segunda geração foi promovido a linha, com a chega do Bolt EUV, sigla para Eletric Utility Vehicle.

As características de design do Bolt EUV são, de acordo com seus criadores, as de um SUV, embora o aspecto esteja próximo ao de um pequeno crossover. Ele é construído sobre a plataforma GM BEV2 (Battery Electric Vehicle), com medidas projetadas para cinco ocupantes ‑ embora seja mais indicado para quatro – com um bom espaço no porta-malas. As linhas são futuristas e há alguns traços ousados, como a grade composta pelo agrupamento de hexágonos irregulares em alto e baixo relevo e que é apenas um recurso estilístico, uma vez que não serve como uma entrada de ar. O líquido de resfriamento das células da bateria tem sua temperatura controlada por fluxos de ar vincos de todas as partes do veículo, mas a frente é fechada para dar maior eficiência aerodinâmica ao modelo.

O Bolt EUV tem dimensões típicas de um médio, ou segmento C. Ele tem 4,31 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,62 m de altura e uma distância entre os eixos de 2,68 m. Ele pesa 1.685 kg e é animado pelo mesmo conjunto usado pelo Bolt EV, que não foi modificado em relação à geração anterior. A mecânica consiste em um rotor de ímã permanente alimentado por uma bateria de íons de lítio de 65 kWh de capacidade, com 288 células. Ela fica localizada no assoalho e pesa 25% do total do veículo, com 430 quilos. O motor rende 203 cv de potência, com 36,8 kgfm, com uma transmissão com uma única relação e ré por inversão de fase.

Esta composição de peso, capacidade de carga e potência resulta em uma autonomia de 400 km, que pode ser até ampliada se a proporção de uso urbano for acentuada. Os tempos de recarga são longos e dependem diretamente da potência do carregador. Em uma tomada comum, aterrada, de 127 volts, a autonomia aumenta 6 km a cada hora. Com um carregador de 240 v, ganha 40 km por hora com 32 ampères e 59,2 km por com 48 ampères – respectivamente 10 horas e 7 horas para a carga completa.

A General Motors está promovendo um recall por conta de problemas neste sistema de baterias, fornecido pela LG Chem, que envolve as 141 mil unidades do modelo vendidas mundo afora – incluindo as 235 vendidas no Brasil. O caso é que pelo menos 10 unidades do modelo se incendiaram quando a bateria foi levada à carga máxima. A GM identificou uma falha no módulo da bateria com potencial de provocar o fogo. A recomendação para quem ainda não atendeu o recall é recarregar no máximo a 90% da capacidade total e, de preferência, ao ar livre. No reparo será feito em duas partes: incialmente uma reconfiguração dos módulos para evitar o aquecimento e posteriormente a troca das baterias. A fabricante chegou a interromper a produção das duas versões do Bolt até meados de setembro.

Por dentro, o Bolt EUV traz materiais de boa qualidade, com estofamento em couro sintético, em uma tecelagem muito interessante, composta por triângulos regulares perfurado – mesmo padrão aparece no console à frente do banco do passageiro. A decoração não é requintada, mas tem bom acabamento, é moderna e transmite a ideia de tecnologia. Na parte de infoentretenimento, o Bolt traz novidades. Por exemplo: não há mais nenhum instrumento analógico. Todas as informações a bordo são através das duas telas. A principal é a localizada à frente do motorista, que traz o painel de instrumentos, onde as informações sobre o estado do carro são exibidas, como velocidade, status da bateria, distância percorrida e a média de kWh/100 km, entre outros dados.

A segunda tela, de 10,2 polegadas, permite a configuração de diversas funções. O sistema é capaz de se conectar com o smartphone sem fio com as plataformas Apple CarPlay e Android Auto. O modelo tem ainda iluminação full led, sensor de luz e de chuva, rodas de liga leve aro 17, carregador de smartphone por indução, freio de estacionamento elétrico, câmera de ré, volante multifuncional com aquecimento e sistema de partida remota. Em relação à segurança, ele traz 10 airbags, assistente de permanência na faixa, alerta de ponto cego com sensor de aproximação repentina, alerta de tráfego traseiro cruzado, alerta de colisão frontal com detecção de pedestres e frenagem autônoma. O preço do Bolt EUV nos Estados unidos começa de US$ 33 mil, cerca de US$ 2 mil a mais aversão EV, que é vendida no Brasil por R$ 317 mil. Ou seja: se fosse trazido, sairia poderia ter preços em torno de R$ 340 mil. (por Alexander Konstantonis,Autocosmos.com/México. Exclusivo no Brasil para Auto Press).

Impressões ao dirigir

Novo mundo

Dirigir um veículo elétrico é uma experiência diferente. É preciso se acostumar com as diferentes formas de fazer as coisas que cada fabricante escolhe para seus modelos. No caso específico do Bolt, é necessário reaprender o seletor de transmissão, que é por teclas. A ausência de som quando se aciona o motor também causa estranhamento. A indicação que o carro está em operação vem das animações mostradas em ambas as telas. Aí, basta apertar a tecla D e aplicar uma pressão suave do pedal do acelerador. Se o freio de estacionamento estiver ativado, será automaticamente desacoplado.

Em marcha, não há sensações de mudanças da caixa automática, como em um câmbio CVT. Mas em vez de múltiplas relações, aqui há apenas uma. O que muda a velocidade é a velocidade com que o próprio motor gira. Até mesmo a ré uma a mesma engrenagem. Ao se pressionar a tecla R, o que acontece é inverter a direção de rotação do motor para andar para trás.

Em comum com outros carros é o sistema de suspensão – McPherson na frente e eixo torcional na traseira. Nem mesmo os freios funcionam da mesma forma que em automóveis a combustão interna. Aqui eles têm uma função de regeneração de energia, para aumentar a autonomia do modelo. E é esse sistema regenerativo que faz o Bolt e os veículos elétricos em geral serem mais econômicos na cidade que na estrada, onde praticamente não se aciona o freio.

O manuseio do Bolt é suave e silencioso, mas só é comportado se o motorista quiser. Ele é capaz de ganhar velocidade muito rapidamente, já que a entrega de torque imediata proporciona uma aceleração vertiginosa. O zero a 100 km é feito em 7 segundos – tempo digno de esportivos endotérmicos. O SUV elétrico da Chevrolet tem também modos de condução, com o sistema One Pedal, que reduz vigorosamente a velocidade do carro quanto o pedal do acelerador é aliviado – acende, inclusive, a luz de freio. Nesse modo, a capacidade de recuperação de energia fica maior.

Há várias informações novas na função de monitoramento do modelo. Como testemunhas luminosas aparecem no canto inferior direito três ícones alinhados. O primeiro é uma pequena bateria com uma seta e a palavra “regen”, para indicar que está havendo regeneração de energia. Depois vem um desenho do Bolt com a palavra “ready” abaixo. Ao lado, um círculo com duas setas envolve um sapato e um acelerador. Este ícone indica que o Bolt está pronto para seguir em frente.