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Toyota Corolla Cross é um crossover de resultados

Toyota aposta no pragmatismo e no valor da marca para emplacar o Corolla Cross

                O Corolla Cross é a mais a perfeita tradução para a linguagem crossover do sedã médio da Toyota. E poderia até ser definido com propriedade como uma versão mais elevada da saudosa e versátil perua Fielder. Embora passa ser classificado como SUV, segundo os critérios do InMetro, o modelo mostra o mesmo pragmatismo aplicado ao três-volumes. O Corolla Cross dispensa maiores truques para agradar o consumidor e não dá qualquer motivo para provocar rejeição. O carro anda bem, consome pouco, tem preço equilibrado em relação aos rivais diretos do mercado e visual palatável.

                Não por acaso, foi o primeiro SUV médio a apresentar alguma resistência à hegemonia do Jeep Compass. A média de emplacamentos do modelo, desde seu lançamento, fica em torno de 4 mil unidades/mês – bem mais próximo das 6 mil do Compass que das 1 mil vendas mensais do Volkswagen Taos, o terceiro SUV médio mais vendido no mercado nacional. Na gama do crossover da marca japonesa, a versão XRE busca oferecer um conteúdo razoável combinado com a tradicional motorização 2.0 litros, de 169/177 cv e 21,4 kgfm. Nessa composição, o Corolla Cross custa desde R$ 160.990, valor que regula com os valores de partida do Compass Longitude T270, de R$ 166.990 e do Taos Comfortline, de R$ 162.090.

                A plataforma modular TNGA (Toyota New Global Architecture) do Corolla Cross é compartilhada com a versão sedã. Nesse sentido, o modelo japonês tem uma proposta mais próxima à do Taos, para o asfalto, que do Compass, que tem até alguma capacidade off-road. O mesmo acontece em relação à estética. Ele não tem uma pegada tão aventureira quanto o modelo da Jeep, mas as linhas encorpadas transmitem uma imagem mais robusta. A parte inferior da carroceria e as caixas de rodas são contornadas por molduras em preto e os para-lamas dianteiros e traseiros são bem ressaltados. A frente é dominada pela grade de grandes proporções, que forma com a entrada de ar inferior, também em preto, um conjunto bem agressivo. Tudo é acentuado pelos conjuntos óticos dianteiros e traseiros bem afilados, que dão um ar de modernidade.

                Na comparação de conteúdo, o Corolla Cross leva uma pequena desvantagem. De relevante, os rivais trazem uma tela maior para a central multimídia – 10 contra 8 polegadas ‑, ar automático duplo e motorização turbo. No mais, o crossover japonês traz ar automático, chave presencial para travas e ignição, rodas aro 18, revestimento em couro sintético, paddle shift no volante e câmbio com modo Sport, espelho interno eletrocrômico e faróis de neblina em led. O pacote de segurança não impressiona. São seis airbags, controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, ABS, sensor de luz, chuva e estacionamento traseiro, combinado com câmera de ré, luz de condução diurna em led e alarme.

                Sistemas mais sofisticados, tanto de segurança quanto de conforto, ficam confinados nas versões de híbridas, que têm preços a partir de R$ 185.990. Caso dos recursos de autonomia ADAS nível 2 ‑ como frenagem automática de emergência, farol alto automático, controle de cruzeiro adaptativo e monitor de faixa de rolamento – e itens de conforto como ar-condicionado duplo, faróis full led, ajuste elétrico para o banco do motorista e visor de TFT com 7 polegadas no painel (Texto e fotos de Eduardo Rocha/Auto Press).

 

Ponto a ponto

Desempenho – O novo motor 2.0 do Corolla gera 169 cv com gasolina e 177 cv com etanol, com injeção direta e indireta de combustível. Ele é eficiente, mas não tem o ímpeto nas acelerações e retomadas que motorizações com turbo ou mesmo híbridas apresentam. O zero a 100 km/h é feito em modestos 9,8 segundos. O câmbio CVT tem conversor de torque e 10 marchas simuladas, o que torna as respostas e reações bem suaves. Ele pode oferecer alguma agilidade, mas é preciso andar em giros altos, o que acaba sendo pouco prático no dia a dia. No final das contas, é um carro pouco energético, feito para ser usado de forma bem civilizada. Nota 7.

Estabilidade – A nova arquitetura global usada no Corolla Cross tem boa rigidez torcional, mas conta com uma suspensão traseira pouco sofisticada, por eixo de torção. Em outros mercados, o modelo conta com a mesma suspensão multilink do sedã, mas para o Brasil a Toyota fez uma opção pela resistência do conjunto. O controle da carroceria é pouco refinado, afeta o conforto em pisos irregulares, mas é eficiente. O modelo é bem neutro e não dá sustos em quem dirige. Nota 8.

Interatividade – A interface oferecida pelo Corolla Cross XRE não é das mais sofisticadas. O sistema multimídia traz os recursos normais, como conectividade com smartphones e Bluetooth, monitorado por uma tela “touch” de 8 polegadas. Na pequena tela em TFT do lado direito do painel há recursos como monitoramento para economia de combustível, sistemas de alerta e computador de bordo. O modelo traz ainda chave presencial para travas e ignição, sensor de luz e de chuva, de obstáculos traseiro e câmera de ré. O freio de estacionamento por pedal é melhor que a alavanca no console central e é prático, mas também um pouco tosco. É o que ocorre em geral no segmento, mas muito pouco para um carro com preço acima de R$ 160 mil. Para chegar a equipamentos mais sofisticados é preciso alçar para as versões híbridas, que começam acima de R$ 185 mil. Nota 7.

Consumo – O InMetro classificou o Corolla Cross XRE com os índices A na categoria e C no geral, com índices de consumo de 8,0 e 11,5 km/l na cidade e 9,0 e 12,8 km/l, na estrada, com etanol e gasolina respectivamente. Esses números tornam o Corolla Cross o SUV médio com motor a combustão mais econômico do mercado, com um consumo energético de 1,79 Mj/km. A título de comparação, o do Compass é de 1,98 Mj/km e do Taos, 2,01 Mj/km. Nota 9.

Conforto – O Toyota Corolla Cross tem uma suspensão pouco refinada, mas eficiente, isolamento acústico de boa qualidade e recursos básicos de conforto. A direção tem peso correto para uma condução calma e os bancos são macios e bem ergonômicos. É um SUV médio básico, coerente com a faixa de preço. Nota 8.

Tecnologia – O trem de força é robusto, mas preza mais o baixo consumo que o desempenho. A central multimídia, na tradição da marca, não é das mais amigáveis. O modelo dispõe ainda de chave presencial, sensores de luz e chuva, seis airbags e controle de tração e estabilidade. No mais, Corolla Cross é um carro que não surpreende e traz apenas o conteúdo mínimo aceitável no segmento. Nota 7.

Habitabilidade –Esse é o ponto alto de um SUV/crossover e o Corolla Cross não foge à regra, apesar do entre-eixos de 2,64 m, menor até que o do sedã. Essa redução, no entanto, é compensada pela boa altura do modelo, de 1,62 metro, que permite uma postura mais ereta dos ocupantes, além de facilitar o acesso – inclusive pelas portas com bom ângulo de abertura. O habitáculo recebe muito bem quatro passageiros e razoavelmente cinco, mas esse quinto ocupante fica mal acomodado. O ambiente é agradável, prático, mas sem luxo. O isolamento acústico é razoável e só se ouve o motor quando é preciso esticar as marchas. O porta-malas absorve 440 litros, o que é apenas razoável. Nota 9.

Acabamento – Os materiais de acabamento do Corolla seguem o padrão da Toyota: resistentes, mas pouco sofisticados. Algumas superfícies de toque no interior são macias, mas a maior parte é mesmo em plástico rígido, com algumas guarnições em preto brilhante. O estofamento e os revestimentos, com imitação de couro e imitação de pespontos, carecem de requinte, mas a construção e montagem são de boa qualidade. Nota 8.

Design – Na tradição da Toyota, não há ousadia nas linhas do Corolla Cross, mas há uma certa personalidade. A frente alta bem verticalizada pela grade e entrada de ar, a leve convergência entre o teto e a linha de cintura em direção à traseira dão uma dinâmica ao desenho. A ideia é não chocar o consumidor sem recorrer a um desenho entediante. Nota 8.

Custo/Benefício – O preço do Corolla Cross é até ligeiramente menor que os principais rivais diretos. Esse posicionamento é raro na linha Toyota e a motivo é que o principal ator no segmento, o Jeep Compass, tem tradição de marca e um produto atraente. Com isso, o SUV/crossover japonês vem conseguindo bons índices de venda, atraindo principalmente os admiradores do sedã médio. Nota 8.

Total – O Toyota Corolla Cross XRE somou 79 pontos em 100 possíveis.

 

Impressões ao dirigir

Na medida certa

                O Toyota Corolla Cross faz tudo de forma eficiente. Em que pese os 1.420 kg do modelo, o motor é suficiente para fazê-lo acelerar de zero a 100 km/h em torno de 10 segundos e o câmbio de 10 marchas simuladas oferece alguma agilidade nas mudanças de velocidade. A marca japonesa optou por uma suspensão mais resistente que refinada, com eixo de torção na traseira. Ainda assim, o crossover contorna as curvas sem torcer ou rolar em demasia. Nada disso, porém, se traduz em emoção para quem está ao volante. Assim como o sedã, o Corolla Cross é pensado para quem deseja um meio de locomoção seguro, confiável, eficiente e confortável. O que não é pouco.

                É assim que a Toyota consegue arregimentar um grande contingente de compradores para seus modelos. Nada no Corolla Cross incomoda o consumidor médio, que quer apenas colocar combustível e cumprir as entediantes visitas à concessionária para manter a garantia. O interior tem bom espaço para cabeças e pernas de quatro adultos, o porta-malas tem corretos 440 litros, o console tem bom nichos para acomodar objetos de uso imediato e o acabamento é aceitável, caso não se preste muita atenção no refinamento dos revestimentos – a versão XRE traz muito plástico e imitação de couro. Os comandos estão todos à mão e não há nenhuma dificuldade de acessar os recursos do carro – até porque nem são tantos assim.

                A Toyota trabalhou bem o Corolla Cross em relação à eficiência. O crossover japonês mostrou ótimos índices de consumo para a categoria, sem comprometer o desempenho e nem provocar uma sensação de falta de potência. Como o câmbio CVT tem 10 marchas simuladas, não há o tal “efeito scooter”, em que a aceleração ocorre de forma lenta e progressiva. No geral, o Corolla Cross é um excelente substituto para a saudosa Fielder, com bom espaço, muita praticidade e comportamento agradável. Tem tudo para atrair quem quer olhar o trânsito de cima com conforto, economia e quase nenhum aborrecimento e, na prática, só anda em asfalto.

Ficha técnica

Toyota Corolla Cross XRE 2.0 flex

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, de Ciclo Atkinson, transversal, 1.987 cm³, quatro cilindros em linha, comando duplo no cabeçote, quatro válvulas por cilindro, injeção direta e indireta e acelerador eletrônico.

Potência máxima: 169/177 cv a 6.600 rpm com gasolina e etanol.

Torque máximo: 21,4 kgfm a 4.400 rpm com etanol.

Transmissão: Automática do tipo CVT com 10 marchas simuladas à frente e uma a ré. Tração dianteira e controle eletrônico de tração.

Aceleração 0-100 km/h: 9,8 segundos com etanol.

Velocidade máxima: 195 km/h com etanol.

Suspensão: Dianteira independente tipo McPherson, molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira por eixo de torção, molas helicoidais e barra estabilizadora. Controle de estabilidade de série.

Pneus: 225/50 R18.

Freios: A disco ventilado na frente e sólidos atrás com ABS e EBD.

Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,46 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1,62 m de altura e 2,64 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina.

Peso: 1.420 kg.

Capacidade do porta-malas: 440 litros.

Tanque de combustível: 50 litros.

Produção: Indaiatuba, Brasil.

Lançamento: 2021.

Lançamento no Brasil: 2019.

Preço da versão XRE: R$ 160.990.

Preço da unidade testada, com pintura metálica: R$ 162.940