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Nissan Kicks Exclusive se diferencia pela tecnlogia

       Nissan Kicks recorre à eletrônica para brigar no topo do segmento com o mesmo patamar de vendas

              O mercado de SUVs compactos no Brasil está especialmente competitivo. O segmento tem representantes em uma ampla faixa de preços – entre R$ 80 mil e R$ 140 mil ‑, com diferentes propostas e recursos. Quando atualizou o modelo, em março, a Nissan decidiu que o Kicks migraria da faixa de entrada para o miolo do segmento, entre R$ 95 mil e 127 mil. E para justificar essa mudança, tratou de injetar uma boa dose de recursos eletrônicos e colocou todos eles na versão Exclusive Pack Tech, que fica na extremidade superior da gama. Em busca desse novo status, a Nissan incluiu o pacote Safety Shield (basicamente, o tal Pack Tech), que inclui sensor de ponto cego, alerta de colisão com frenagem automática, monitor de faixa, alerta de tráfego cruzado traseiro e farol alto automático.

Além dos itens de segurança, o modelo conta também com som de alta fidelidade da Bose, sistema de câmeras 360º, faróis full led, sistema multimídia de 8 polegadas com GPS interno, acabamento em couro sintético, chave presencial para travas e ignição. A expectativa da marca no lançamento era que o SUV compacto passasse da média mensal de vendas na casa das 3 mil unidades para pouco acima de 4 mil. Mas as mudanças efetuadas no SUV compacto aparentemente não foram suficientes para mudar a história do modelo. Até aqui, o Kicks ficou na mesmíssima média de 3 mil/mês – o que não chega a ser uma má notícia para a marca.

                Sob o capô, o Kicks manteve o mesmo motor 1.6 16V de 114 cv de potência máxima a 5.600 rpm e torque de 15,5 kgfm a 4 mil rpm, gerenciado por um câmbio CVT. Apesar de não ser um propulsor propriamente moderno, é um eficiente e capaz de movimentar com agilidade o Kicks, que é um modelo extremamente leve para o segmento, com 1.139 kg. A relação peso/potência fica ligeiramente abaixo de 10 kg/cv, índice considerado bem satisfatório.

                No visual, o Kicks recebeu discretas mudanças. Na frente, adotou a linguagem de design Double V-Motion, que vem se espalhando pelos modelos da marca. O para-choque recebe nas extremidades um cluster para o farol de neblina em led. Esse desenho projeta a grade, que também ficou maior. Ela ainda ganha uma moldura dupla com uma faixa em preto brilhante. Na traseira, o para-choque passa a ter a parte inferior pintada na cor da carroceria e as lanternas são conectadas por uma faixa reflexiva.

Por dentro, a não ser pela central multimídia com tela um pouco maior, com 8 polegadas em vez de 7, consoles, volante e painéis das portas não mudaram. Além dos equipamentos hi-tech, o Kicks traz retrovisor interno eletrocrômico, painel multifuncional de 7 polegadas, rodas de liga leva de 17 polegadas e setas instaladas nas capas dos retrovisores. (Texto e Fotos: Eduardo Rocha/Carta Z Notícias)

Ponto a ponto

Desempenho – O conceito básico do Kicks não envelheceu. O modelo combina potência mediana com um baixo peso e o resultado é um carro eficiente, com desempenho coerente e muito econômico. Apesar de haver uma certa moda em torno dos motores turbo – que, de fato, são mais tecnológicos e versáteis – propulsor 1.6 16V aspirado de 114 cv e 15,5 kgfm, mesmo acoplado a um câmbio CVT, movimenta bem o SUV compacto, com acelerações progressivas, mas não agressivas. No uso cotidiano, seja em ambiente urbano ou rodoviário, a sensação é que a potência é apenas suficiente, sem sobras. Nota 6.

 

Estabilidade – A suspensão do Kicks tem uma configuração clássica, com McPherson na frente e eixo de torção atrás, mas o acerto consegue equilibrar bem conforto e estabilidade. Nessa atualização de meia-vida, o conjunto ganhou reforços nas fixações do eixo traseiro, o que reduziu as torções de carroceria, e da caixa de direção, que ficou mais direta. O modelo, que já tinha uma rolagem bem controlada para um modelo com quase 1,60 de altura, ficou ainda mais fácil de conduzir. Nota 8.

 

Interatividade – Desde as versões básicas, o Kicks tem um bom nível de recursos. Na versão avaliada, Exclusive Pack Tech, ele inclui todos os itens disponíveis e desejáveis chave presencial, câmeras 360 º, multimídia com tela de 8 polegadas, som Bose com alto-falantes no encosto de cabeça, ar-condicionado automático, controle de cruzeiro, além dos recursos do Safety Shield. Nota 8.

Consumo – Na avaliação do Programa Brasileiro de Etiquetagem do InMetro, o novo Kicks CVT obteve um desempenho aceitável. O modelo recebeu nota C na categoria e B na classificação geral, com médias de 7,6/9,3 km/l com etanol e 11,3/13,6 km/l com gasolina na cidade/estrada. Nota 7.

 

Conforto – A razão de ser de um SUV urbano ou crossover é ter um bom espaço interno em relação ao seu tamanho externo. O Kicks está bem dentro desse parâmetro. A suspensão, por sua vez, ficou um pouco mais dura para aumentar o controle da carroceria. Os pneus 205/55 R17 ainda acentuam essa rigidez. Por outro lado, os bancos Zero Gravity (gravidade zero), distribuem o apoio do corpo em vários pontos e, mesmo sendo firmes, são bastante confortáveis. O isolamento acústico é dos melhores na categoria. Nota 8.

 

Tecnologia – O Kicks mudou de patamar exatamente por conta dos recursos tecnológicos que ganhou – especialmente na versão de topo, Exclusive Pack Tech. Iluminação full led, som da Bose, câmera 360 e os recursos ADAS – sigla em inglês para sistemas de assistência avançada ao condutor ‑, no chamado Safety Shield, que inclui monitor de faixa, alerta de tráfego cruzado traseiro, monitoramento de ponto cego, farol alto automático, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência. Nota 9.

 

Habitabilidade – O Kicks receber muito bem quatro passageiros, mas não tão bem o quinto elemento, o central do banco traseiro. A altura da carroceria facilita o acesso ao habitáculo e oferece uma sensação de amplitude. O porta-malas tem bons 432 litros e tem o piso em uma altura que facilita o uso no dia a dia. A cabine traz porta-objetos, sob o apoio de braços, à frente da alavanca de câmbio, no console central, e nas portas. Nota 8.

 

Acabamento – O interior do Kicks ganha algum luxo com a forração em couro sintético e diversos detalhes com acabamento em preto brilhante. Na versão Exclusive, o material está nos bancos, no apoio central e no console frontal. Ainda assim, há bastante plástico rígido visível, até em áreas de toque. A montagem é sólida e os materiais transmitem a sensação de serem resistentes. Nota 7.

Design – Quando foi lançado, o Kicks foi pioneiro no estilo de design que a Nissan adotou em seus automóveis e ainda mantém detalhes bem ousados, como o desenho das lanternas e o caimento da coluna traseira. As mudanças que recebeu para a linha 2022 seguem a lógica estética aplicada no novo sedã Versa, com a grade aumentada e emoldurada com o chamado Duplo V, com guarnição em preto brilhante. Em linhas gerais, ficou com um aspecto mais robusto. Na traseira, uma barra em plástico reflexivo interliga as lanternas por uma guarnição acrílica reflexiva. Nota 8.

 

Custo/benefício – O Kicks Exclusive Pach Tech está cotado em R$ 126.990. Isso coloca o SUV da Nissan no centro do segmento, em confronto direto com modelos como Jeep Renegade Limited 1.8 e Chevrolet Tracker Premier, mas é mais completo. Fica mais barato que Honda HR-V e o Volkswagen T-Cross, que sempre têm preços salgados, e mais caro que o Hyundai Creta, que está a ponto de mudar o visual e está com preços de ocasião. Nota 8.

 

Total – O Nissan Kicks S CVT somou 77 pontos em 100 possíveis.

 

Impressões ao dirigir

Pacato cidadão

O Nissan Kicks é um SUV especialmente bom de conviver. É fácil de entrar, ligar, interagir, movimentar e sentir familiaridade. Aliás, a classificação de SUV só tem algum sentido por conta dos critérios da portaria 522 do InMetro, pois o Kicks é essencialmente um crossover, no melhor sentido da definição. Ele une conforto e a dirigibilidade semelhante aos de um carro de passeio com a altura interna e tem distância livre para o solo de um SUV. E nesta atualização de meia-vida, promovida este ano, ganhou diversos recursos tecnológicos que o colocam em uma situação favorável no segmento. O conceito dinâmico não mudou e manteve o foco na racionalidade. É leve, tem motor de potência mediana e uma relação peso/potência próxima de 10 kg/cv.

Mas teve uma evolução importante. Se aproveitando do controle eletrônico do câmbio CVT, a relação máxima foi alongada e a mínima foi encurtada, o que resultou em arrancadas mais fortes e aumento da velocidade final. O arsenal eletrônico inserido no Kicks, principalmente na configuração mais cara. mudou o patamar do modelo. A versão Exclusive Pack Tech ainda conta com o sistema de som da Bose, que traz alto-falantes no encosto de cabeça do motorista. O interior não traz luxo ou requinte, mas todos os materiais são de boa qualidade e agradáveis. Os comandos são funcionais e bem localizados.

Em relação ao conforto, os bancos ergonômicos aliviam, mas não evitam que a rigidez da suspensão e a fraca filtragem de irregularidades afete um pouco o conforto. O isolamento sonoro é de muito boa qualidade – de outra forma, seria um desperdício da qualidade do equipamento de som. O espaço interno é bom, o sistema de câmera 360º facilita a vida na hora de manobrar e o trem de força é equilibrado e o câmbio CVT até oferece agilidade, mas sem qualquer pretensão esportiva.

 

Ficha técnica

Nissan Kicks Exclusive Pack Tech

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando com variação contínua de abertura das válvulas. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.

Transmissão: CVT, continuamente variável, com modo Sport. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração de série.

Potência máxima: 114 cv a 5.600 rpm com etanol e gasolina.

Aceleração 0-100 km/h: 11,8 segundos (11,3 segundos com câmbio manual).

Velocidade máxima: 175 km/h.

Torque máximo: 15,5 kgfm a 4 mil rpm com etanol e gasolina.

Diâmetro e curso: 78 mm X 83,6 mm. Taxa de compressão: 10,7:1.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com barra estabilizadora. Traseira por eixo de torção. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.

Pneus: 205/55 R17.

Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás. ABS com EBD. Oferece assistência de partida em rampa e frenagem autônoma de emergência.

Carroceria: Utilitário esportivo compacto em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,31 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,59 m de altura e 2,61 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cabeça de série.

Peso: 1.139 kg.

Capacidade do porta-malas: 432 litros.

Tanque de combustível: 41 litros.

Produção: Resende, Rio de Janeiro.

Lançamento mundial: 2016.

Lançamento no Brasil: 2016.

Atualização: 2021.

Preço: R$ 126.990.